HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
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A terra dos sonhos existe. Para além do desempenho de António Silva - sobretudo na forma madura como ultrapassou os erros - a sua convocação permite fomentar o trabalho das gerações mais jovens e levá-las a sonhar.
Depois, convocá-lo é preparar as próximas competições usando o Catar como base: seleção como processo contínuo.
Se a derrota frente à Sérvia obrigou a uma mudança de paradigma - queda definitiva do modelo que levou à vitória no Euro"2016 e adaptação a um novo desenho mais propenso ao talento -, a principal dúvida nos "26" é saber de que forma a Seleção vai obter largura de jogo. Sem surpresas e sem extremos. Ou com laterais que vão ser quase extremos, o que pode provocar um jogo mais previsível.
E falta João Moutinho. Aquele que no play-off foi decisivo na forma como consolidou um miolo mais de posse e, com isso, puxou a equipa mais para a frente. E a dúvida na linha de ataque: de lendas também reza a história, mas Cristiano Ronaldo tem mesmo de subir o seu rendimento. Até porque a linha dianteira da Seleção vive cenário de boa abundância e não há insubstituíveis.
8 Leonardo Lelo: aqueles cruzamentos...
O Casa Pia venceu o Braga na sequência de uma transição ofensiva bem medida, com todos os seus intérpretes a mostrarem refinada qualidade de laboratório. Se Godwin começou e apareceu em zona de finalização num espaço de poucos segundos, há um jogador cuja perícia para o cruzamento largo tem impressionado: de uma ponta a outra do campo, Leonardo Lelo não falha e dar-lhe espaço é permitir a potenciação do jogo ofensivo do Casa Pia. Convocado para a seleção de Sub-21 com toda a justiça, apresenta uma qualidade técnica que lhe permite sonhar com voos mais ambiciosos. Revelação da temporada e figura de proa dos "gansos", uma das equipas mais bem trabalhadas da liga.
7 Diego Lainez: irreverência a postos
Com uma capacidade técnica assinalável - é capaz de desembrulhar soluções no meio de uma floresta de pernas -, o desenvolvimento pleno de Lainez em termos de dinâmica da equipa tem representado um desafio para Artur Jorge, até porque há sempre dois lados da balança: e o plano defensivo também existe. No entanto, na Taça de Portugal, Lainez apresentou-se em bom plano e desequilibrou nos momentos finais com um golo de belo efeito. Na zona central, no espaço certo, após tabelinha inteligente e no timing correto e sem hesitações, revelou a astúcia necessária para colocar a sua equipa na próxima eliminatória. Em bom plano!
8 Morita: bendita pausa
Há males que vêm por bem: é lógico que ninguém quer ser eliminado na ronda inaugural da Taça de Portugal, mas é certo que o Sporting precisava urgentemente de descanso competitivo e a semana que passou veio mesmo a calhar. Num meio-campo extenuado, destaque para a performance de Morita: é sabida a sua versatilidade e capacidade para atuar em todas as posições do miolo, mas convém destacar um aspeto em especial: o maior aparecimento em zonas de finalização. Sem medo e com confiança. Marcou frente ao Vitória de pé esquerdo, característica que, a par do jogo a um ou dois toques, tem sido aprimorada por este jogador japonês que se destaca pela evolução que tem demonstrado.
IX Cimeira de Presidentes
Do ponto de vista competitivo, reduzir a Taça da Liga a uma final a quatro é uma medida positiva, e ainda mais positiva se torna quando a final se disputa no estrangeiro: para benefício das comunidades portugueses e para reforço da marca "futebol português" além-fronteiras. Eliminar a visão de ilha é sempre evoluir.