Benfica esteve bem quando não apresentou João Víctor como um "troféu de caça"
A JOGAR FORA - Opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Após três épocas desportivamente frustrantes e a recente substituição do presidente que marcava a vida do clube havia vinte anos, os benfiquistas encheram, não obstante, os pisos 0 e 1 do estádio da Luz para assistirem ao treino à porta aberta que marcou o arranque público da época 2022/23. Mostraram a sua imensa paixão pelo clube e mostraram que atribuem às razões externas de todos conhecidas parte das culpas do insucesso da época terminada em maio.
Nada mais motivador para um grupo de trabalho do que receber um tão significativo banho de multidão como o de domingo passado, mas nada mais responsabilizador para esse grupo de trabalho também.
2 - Rezam as crónicas que, numa jogada de antecipação, o Benfica foi ao Brasil e garantiu o central João Victor. (De caminho, o FC Porto foi a correr a Braga assegurar os serviços de David Carmo por valores impensáveis para as depauperadas finanças do clube e para aqueles que, via de regra, são praticados entre clubes nacionais.)
Tomando como válida uma análise estatística do Goal Point que compara João Victor e David Carmo relativamente a um conjunto de sete importantes características, os jogadores equivalem-se, pelo que posso por agora considerar que o Benfica fez um ótimo negócio - pagou, números redondos, metade do FC Porto por um "produto" de igual potencial. E esteve bem quando não o apresentou como um "troféu de caça", prática a que os azuis-e-brancos não resistem sempre que "desviam" um jogador supostamente a caminho da Luz.
3 - Fartos de inconsequentes newsletters, comunicados e declarações de timing inoportuno, a esmagadora maioria dos benfiquistas, nos quais me incluo, viu com bons olhos a forma como o clube se comportou na cerimónia do Kickoff da Liga. Mas a declaração de Lourenço Coelho, principalmente esta, só faz sentido se no futuro tiver consequências - leia-se, atos -sempre que o clube for objetiva e claramente prejudicado. (Ainda da cerimónia de terça-feira: o monumental golo de Maradona à Inglaterra é considerado vezes sem conta como o melhor da história do futebol; o monumental golo de Rafa ao Estoril-Praia não foi suficiente para ser escolhido como melhor golo da Liga 2021/22.)
Nota: por razões de índole pessoal, esta crónica foi escrita antes do jogo de ontem com o Reading.