HÁ BOLA EM MARTE - Opinião de Gil Nunes
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Abre a porta e berra
A missão do Benfica foi clara: assegurar os três pontos de forma rápida, ainda para mais quando tinha pela frente duas equipas aflitas: Paços de Ferreira (que até jogou bastante bem) e Santa Clara. Os encarnados desmancharam ambos os adversários nos primeiros 15 minutos, fazendo prevalecer pressão alta, forte reação à perda e, acima de tudo, o fator emocional: a última coisa que uma equipa desesperada por pontos quer é levar de frente com um grande. Há sempre aquele "bocadinho assim" que começa mal antes de tudo se equilibrar.
Há também a análise da outra face da moeda. Do passado recente: derrota convincente em Braga e serviços mínimos frente ao Sporting. Por isso, mesmo frente a equipas de menor dimensão, a preocupação principal de Schmidt é fazer com que os equilíbrios prevaleçam no meio-campo e que a equipa não se desmantele quando perde a bola. O líder vai formoso, não vai seguro mas vai um pouco mais robusto após limpar a casa e fortalecer os seus quadros. E, contra os temerários, nada como um bom berro para resolver o assunto.
Enzo Fernández: tranquilidade voltou
Entradas de rompante à parte, certo é que o Benfica tem beneficiado de uma muito maior tranquilidade de Enzo, isto após um Mundial que mexeu com a sua componente emocional. Nos dois últimos jogos, a forma como recuou no terreno e permitiu a subida de Grimaldo potenciou o flanco esquerdo e acrescentou novas tónicas ao desenho ofensivo dos encarnados. Seja como for, um Enzo em forma permite benefícios indiretos à restante equipa: porque Florentino e Aursnes rendem mais e, com isso, todo o sistema fica mais forte. E, em caso de dúvida, passa-se a bola ao Enzo: arranja sempre solução mesmo nas zonas mais congestionadas.
Oday Dabbagh: toques de classe
Num Arouca que é a prova de que vale a pena manter os treinadores e esperar pelos resultados de longo-prazo, há jogadores que vão mostrando qualidade assinalável: é o caso de Oday Dabbagh. Avançado esquerdino, móvel, com boa noção de ataque ao espaço, brilhou no jogo frente ao Portimonense, quando se desenvencilhou de Pedrão com a maior simplicidade do mundo antes de finalizar com classe. Na Taça da Liga, frente ao Sporting, voltou a mostrar faro de golo ao faturar numa situação em que se antecipou a todos os outros. Mas o maior elogio que se pode fazer a Dabbagh é dizer que tem sido regular e produtivo em todos os momentos da época. Em destaque.
Victor Gómez de regresso
Na primeira jornada, frente ao Sporting, estava a causar imensos desequilíbrios pelo flanco direito quando teve o azar de se lesionar. Agora, passada a tormenta, tem sido um dos destaques dos arsenalistas, de tal forma que não espanta a vontade da direção do Braga em adquiri-lo em definitivo ao Espanhol. Num passado próximo, lembre-se a sua participação na Taça de Portugal frente ao Vitória, com duas ações interiores que valeram os dois primeiros golos da reviravolta. Num período em que os laterais são alas produtivos e com capacidade de participar na dinâmica ofensiva, a qualidade de Victor Gómez é indiscutível. E só tem 22 anos!
Fernando Santos: nova aventura
É, provavelmente, o técnico português com mais "pinta" de selecionador: em Portugal era tempo de sair mas a nova aventura polaca tem tudo para dar resultado. Que caiam os estigmas: se Fernando Santos conseguir eliminar rapidamente o rótulo de técnico defensivo, poderá reunir capital de confiança para triunfar.