A JOGAR FORA - Opinião de Jaime Cancella de Abreu
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1 - Para quem - qual boi manso - tinha medo de os defrontar, para quem tinha um tão negativo histórico de confrontos com eles em finais da Supertaça, para quem tinha um treinador que, coitado, levava continuadas lições táticas do deles, a coisa até que nem correu mal em Aveiro: amansámos o infalível ADN deles e, contrariando a louvável lógica dos comentadores, vencemos um troféu que todos, à exceção dos derrotados, consideraram justo - e eu magnificamente merecido.
João Neves confirmou ter as características próprias dos grandes craques da atualidade
2 - Destaco João Neves, que, somando intensidade à qualidade, confirmou (gostosa inutilidade) ter as características próprias dos grandes craques da atualidade; Di María, que ridicularizou o juízo, por tantos pronunciado, de que veio para Lisboa reformar-se; António Silva e Otamendi, que foram, uma vez mais, os nossos inigualáveis pêndulos defensivos; Musa, que deu a estocada final nos muitos que se preparavam para zurzir forte e feio no inoportuno timing da venda de Gonçalo Ramos; e todos os outros obreiros de uma vitória que, graças a João Pinheiro, quase não teve casos mal decididos (não tinha como intervir no milimétrico fora de jogo prematuramente apitado a Rafa, que seguia isolado para a baliza do FC Porto).
3 - Mesmo que a lei não o obrigasse a mostrar o cartão na cara de Sérgio Conceição, porque optou Luís Godinho por exibir o vermelho à distância? Sendo evidente que o treinador portista percebeu que tinha sido (bem) expulso, por que razão recorreu Godinho à intermediação de Marcano e, de seguida, se sujeitou ao vexame de ir, com o rabo entre as pernas, explicar-se ao prevaricador? Andam pelas ruas da amargura os níveis de liderança dos nossos árbitros - culpas do Conselho de Arbitragem, que não cuida de os preparar, da APAF, que não os defende em condições, e, sobretudo, do Conselho de Disciplina, que teima em não punir à altura os vergonhosos e reincidentes comportamentos de Sérgio Conceição. Estou - e quem não está? - curioso para ver como vão desta vez descalçar a bota.
4 - Se a evidência quer dizer alguma coisa, eis a absurda verdade dos números das supertaças portuguesa e inglesa recentemente disputadas: faltas, 40 vs 17; cantos, foras-de-jogo, lançamentos e pontapés de baliza, 86 vs 50; total de paragens, 126 vs 67.
5 - Gosto muito - chego a divertir-me - quando o Benfica anuncia um jogador que não entrou no alinhamento das overdoses de especulações que enchem os programas sobre o mercado de transferências. Bem-vindo, Arthur Cabral! (Este nem o Fabrizio Romano!)
6 - Já posso dormir um pouco menos angustiado: a cláusula de rescisão de João Neves subiu de 60 para 120 milhões de euros!