PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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Há jogadores que valem muito mais do que os golos que faturam, as assistências com que brindam os colegas, ou as defesas que mantêm as suas balizas a zeros. Há homens dentro do campo que comandam, que lideram, que mostram o caminho aos outros. Não são muitos, esses. E valem o seu peso em ouro.
Nenhum vitoriano duvida de que Flávio Meireles foi um deles. Muito mais do que um excelente médio defensivo, o nosso capitão era um farol fincado no centro do terreno. Com ele lá era proibido baixar os braços e quem mostrasse estar menos comprometido com o jogo ou com o coletivo podia muito bem "levar uma dura". Que saudades de uma liderança assim, que também ganha jogos e garante troféus!
Quando jogadores como o Flávio penduram as chuteiras, o mais natural é que os seus clubes os queiram manter na estrutura. Chama-se a isso valorizar o nosso património e é uma excelente política desportiva. Assim foi com o Flávio.
Ao longo de todos estes anos, o capitão emprestou o melhor de si ao clube. Fê-lo sempre de forma discreta e sem se pôr em bicos de pés, muito embora pudesse (se o quisesse) puxar de galões e reclamar privilégios que seriam seus por direito. Servir o Vitória. Foi isso que o Flávio nunca deixou de fazer até há dias atrás.
É justo dizer que, provavelmente, o potencial do Flávio, enquanto dirigente, nunca foi aproveitado tanto como devia. Que se calhar podia e devia ter sido mais valorizado. E é por demais evidente que aquilo que aconteceu na última campanha eleitoral foi profundamente injusto para com ele e muito penalizador para quem tem uma folha de serviços vitoriana recheada como poucos.
É, por isso, com muita pena que vejo o Flávio deixar a nau vitoriana. Porque pessoas como ele não se inventam do nada, nem estão ao dispor ao virar da esquina.
Acima de tudo, importa agora que o Flávio se sinta feliz nos novos projetos que abraçar. Que para onde quer que vá seja valorizado e que continue a crescer em competências neste mundo um pouco cão que é o do futebol, ou noutra coisa qualquer.
Pela parte que me toca, fica apenas um "até já". Porque a porta por onde agora saiu será a mesma por onde um dia espero que ele volte a entrar.