PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro
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Artur Jorge é o novo timoneiro da equipa principal de futebol. Uma escolha que, entre os adeptos, mereceu um consenso bem alargado. E, se virmos bem as coisas, a decisão da administração da SAD está em linha com o que tem sido a estratégia traçada nos últimos anos.
Descartada que ficou a continuidade de Carlos Carvalhal, a escolha de Artur Jorge para treinar a equipa principal do SC Braga é a que melhor assegura a...continuidade. E toda a narrativa da apresentação do novo "míster" bracarense, desde os vídeos promocionais até aos discursos do próprio e de Salvador, tentaram transmitir a mensagem de que Artur Jorge é uma escolha de continuidade do que vem sendo feito nos anos mais recentes.
Esta continuidade foi comunicada com base não só no percurso pessoal de Artur Jorge, mas também no que têm sido as escolhas da administração da SAD nos últimos anos. Tal como Carvalhal, Artur Jorge é um homem de Braga e do Braga. Sempre foi o seu clube de coração. Fez cá a sua formação como jogador e teve uma excelente carreira como jogador do Braga, deixando a sua marca na memória dos adeptos menos jovens. Depois, continuou ligado ao clube como formador de jovens, como treinador das equipas de apoio, sempre com excelentes resultados e quando, em 2019/20, foi chamado à equipa principal, num momento de "emergência", revelou a sua grande combatividade, recuperando de uma desvantagem de cinco pontos para o Sporting e conquistando um raro 3.º lugar na Liga. Mas, além destas semelhanças de percurso com o anterior treinador, a continuidade também está na estratégia de aproveitar a formação como patamar de excelência para os treinadores. Aconteceu com as escolhas de Abel Ferreira ou Rúben Amorim, que vieram das equipas de apoio para se afirmarem como valores seguros do futebol português. Artur Jorge, que conheço há muitos anos, tem tudo para dar certo.
Sabemos que um dos aspetos primordiais de cada época do SC Braga é a gestão das expectativas dos adeptos, que se habituaram, felizmente, a querer ganhar títulos e ambicionam pelo sempre pelo "esperado" título de campeão nacional. Mas é preciso, antes de mais, ter os pés bem assentes na terra e perceber que, se não quisermos que esse título seja uma espécie de miragem sebastiânica, ainda há um longo percurso a percorrer e que é preciso dar tempo ao tempo. E, para começar, dar tempo ao novo treinador para impor as suas ideias e a sua personalidade no futuro plantel de 2022/23.