VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Para o FC Porto que acabará a semana em Tondela, no sábado, a discutir a primazia da realidade sobre o sonho na Liga portuguesa, à terceira terá que ser de vez na Liga dos Campeões.
À prova de capacidade e tónus em Madrid onde, entre lances duvidosos, ficou a ideia de que podia ter conseguido outro resultado, sucede-se um desastre competitivo caseiro frente ao Liverpool.
Cômputo geral, um empate meritório que soube a pouco e uma derrota confrangedora que pesou demasiado. Não ganhar ao AC Milan comprometerá a discussão da passagem aos 1/8 de final e criará um contexto de "tudo ou nada" para daqui a 15 dias em San Siro. Uma vitória será uma porta de passagem segura para a Liga Europa que libertará a equipa para lutar pelo que tem sido o seu destino escrito a tinta quase permanente nesta competição, passar a fase de grupos, deixando para trás Atlético de Madrid e AC Milan, entregue que deve estar o lugar cimeiro ao Liverpool. Ainda assim, o duplo confronto entre Atlético e Liverpool ainda poderá dizer muito sobre a orientação final deste grupo B.
Reentrar na normalidade dos grandes jogos, e logo na Champions, frente ao vice-campeão italiano AC Milan que ontem não desperdiçou a hipótese de dormir na frente da classificação da série A ao vencer o Hellas Verona, virando um resultado de 0-2 na 2ª parte, remetendo o Nápoles para a vice-liderança da competição, ainda que por umas horas. Um AC Milan que deu luta em Liverpool na jornada inaugural da Liga dos Campeões (3-2) saindo para intervalo em vantagem, o mesmo que recebeu e perdeu com o Atlético de Madrid na segunda jornada por 1-2, com o empate forasteiro a surgir aos 84" (a vitória "colchonera" só apareceria, de penálti, no último suspiro do jogo) após jogar reduzido a 10 unidades desde os 29" devido à expulsão do marfinense Kessié.
Os italianos chegam ao jogo no Dragão, assim, com desencontros com a fortuna e zero pontos, tendo que aproveitar o jogo com o FC Porto para não transformar dores em condolências. Depois de dois actos falhados, não pontuar significaria dizer adeus à Liga dos Campeões e, praticamente, à Liga Europa. Daí que o AC Milan virá discutir o jogo em todo o campo. Isso é algo que pode beneficiar um FC Porto que não vira a cara à luta em cada disputa individual e não dá nenhum lance por perdido. Depois, sabe-se, alguma sorte e toda a concentração. Não é por o adversário ser latino que deixará de poder ser mortalmente eficaz e letal. Certo é que ambas as equipas sabem que há duas disputas a dois nesta 3.ª e 4.ª jornadas da Champions. E que a disputa luso-italiana ditará um 4.º classificado no grupo.
Os invisíveis e os regressados
Como se previa, o jogo frente ao Sintrense na Taça de Portugal serviu para dar espaço a jogadores que o reclamam. Evanilson, com dois golos e interveniente em mais um deles e Francisco Conceição, presente nas jogadas de três dos cinco golos, justificaram os principais aplausos. Pepê mostrou futebol. Mas o regresso de Otávio a ganhar minutos para a Champions, o acerto da entrada de Toni Martínez e, sobretudo, o regresso em pleno de Sérgio Oliveira, são um diploma de competitividade do plantel.