VELUDO AZUL - Uma opinião de Miguel Guedes
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1 - Apenas a história do futebol contará que, neste início de época, o FC Porto perdeu os dois jogos em que melhor jogou. A história dos resultados, essa, contará números, estatísticas, verterá classificações, rezará sobre o vencedor e o vencido. Quem gostar de futebol contará outra história sobre o jogo da Supertaça Cândido de Oliveira e da sétima jornada da Liga.
Caso nunca visto e que entra para o pódio dos vermelhos mais absurdos dos últimos anos
Nos dois confrontos entre FC Porto e Benfica reinou o equilíbrio ou, noutra leitura, o desequilíbrio entre as partes. Na realidade, ambas as primeiras partes tiveram a supremacia de dragões e ambas as segundas partes pertenceram às águias. Foram também jogos espelhados: em ambos os casos, vitórias encarnadas a jogar contra 10. Nas últimas 3 vitórias de Schmidt, assim foi. 169 minutos com 10 jogadores. Jogar com 10 frente ao Benfica, um padrão imune à mudança de árbitros. É preciso adaptar o sistema.
2 - O que o sistema permite não pode convocar um manso "quem cala consente". Se considerarmos que Fábio Cardoso levanta a perna, não podemos deixar de considerar que Trubin levanta a mão. Os mesmos critérios, exigem-se. Se um lance é expulsão, o outro tem que ser penálti (já agora, na minha opinião, nem um nem outro). Ver uma perna de Fábio Cardoso a levantar intencionalmente com David Neres em queda é um processo de intenções sobre um jogador que faz um carrinho competente e toca na bola em natural desequilíbrio. A dúvida é se é falta. Agora, lance para expulsão com um jogador ainda desenquadrado da baliza e mais perto da linha lateral do que da área adversária, só mesmo num Benfica-FC Porto. Caso nunca visto e que entra para o pódio dos vermelhos mais absurdos dos últimos anos, em competição direta com o atropelamento traseiro de Danilo a Luís Godinho em Moreira de Cónegos e a expulsão deste último a Luis Díaz por chutar à baliza em Braga. Só mesmo possível com a pulsão anti-portista no Estado de sistema a que isto chegou.
3 - É difícil acreditar que Portugal, tendo dos melhores jogadores e treinadores do mundo e dos dirigentes mais titulados e considerados do futebol mundial, tenha na competência dos árbitros o seu ponto fraco. A meu ver, não tem. No mínimo, os árbitros portugueses são tão conhecedores das leis como quaisquer outros árbitros de outros países. O que se passa, então? O lance da expulsão é embaraçoso para a arbitragem portuguesa. Foi fácil expulsar Fábio Cardoso aos 19 minutos. Foi tentador expulsar David Carmo aos 34. Foi impossível expulsar Bah aos 9 pelo pisão a Galeno, quando a história se lembra da forma como Eustáquio foi expulso com dois amarelos em três minutos no Dragão, o ano passado, pelo mesmo João Pinheiro. Mais do mesmo e da falta de um critério.