PASSE DE LETRA - Uma opinião de Miguel Pedro
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1 - Sento-me na mesa da cozinha para escrever esta crónica com a televisão ligada num dos telejornais matinais portugueses. Uma boa notícia contrasta com uma miríade de notícias pessimistas que emprestam ao mundo um odor tristonho. A boa notícia é a de que a Ucrânia e a Rússia acordaram a exportação de cereais ucranianos pelo porto de Odessa. As más notícias são as outras todas.
A guerra continua a matar, as temperaturas batem recordes em todo o mundo, lembrando-nos a todo o momento que temos que fazer alguma coisa, pois o desastre ecológico está aí, ao virar da esquina, os juros sobem, a recessão económica está a bater à nossa porta, etc., etc. Mas eis senão quando uma notícia do futebol desvia a nossa atenção para algo completamente diferente: nove jogadores do Bayern Munique passaram a seguir Cristiano Ronaldo no Instagram. A jornalista afirma, com a certeza de um cientista perante uma prova indesmentível, que esta situação poderá indicar que a contratação do português pelo clube alemão está próxima. E a verdade é que tal notícia interrompeu os meus pensamentos mais pessimistas sobre o mundo, deixando-me suspenso numa realidade alternativa. É esta capacidade que alguma rapaziada do desporto tem para colorir a realidade que nos deve animar. Porque é que não os pomos a redigir as outras notícias todas? A realidade seria igualmente má, mas não nos deixaria tão triste...
2 - A ideia que fica desta pré-época bracarense é a de continuidade: um treinador da casa, conhecedor dos jogadores, da estrutura dirigente e da cultura da organização e um plantel que manteve, no essencial, a sua estrutura base. No meio-campo e na frente, nenhum jogador nuclear saiu e, ainda, entrou um avançado fortíssimo, Banza, um goleador de créditos firmados, o que, até, vem colocar o setor avançado algo superavitário de (bons) jogadores.
Já na defesa, as saídas de Carmo, Yan Couto e Diogo Leite foram compensadas com as entradas de Vitor Gomez, jogador com caraterísticas semelhantes ao brasileiro do Manchester City, principalmente na condução de bola nos movimentos ofensivos e de Niakaté. Mas temo que, principalmente no setor central da defesa, tal possa não ser suficiente. Os centrais são os jogadores mais propensos aos castigos disciplinares, pela natureza da sua função e, nos últimos anos, temos tido crises de centrais, entre os castigos e as lesões. Talvez não fosse pior reforçar este setor com mais um jogador experiente... digo eu.