VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Quem olhar para o onze inicial do FC Porto em Lyon e atestar um certificado de desistência ou de menor implicação na Liga Europa, não viu o jogo ou desconhece o último quarto de hora com o Moreirense e os desafios com o Gil Vicente e Lyon no Dragão, não conseguindo ter a percepção do que seria o jogo em Lyon se o FC Porto começasse com os "habituais titulares" e não com as oito modificações operadas face à partida anterior com o Tondela.
O desejo de que o FC Porto, numa só semana, deitasse a perder a Liga Europa e comprometesse o avanço pontual na Liga toldou análises, alimentou imaginação e deu asas a múltiplos desejos.
Deitou cartas de adivinhação. Mas não toldou Sérgio Conceição. O treinador do FC Porto apresentou a melhor equipa possível na 2ª mão em Lyon e apresentará, seguramente, a equipa que estará mais perto de vencer o jogo com o Boavista, encontro que já antecipara como o mais difícil e fisicamente mais exigente do miniciclo desta semana. O terceiro jogo em oito dias. Não houve subscrição nem sacrifício apesar do aparente gambito para o xadrez desta noite. Há um momento em que a gestão deixa de ser puramente gestão. Passa a ser realismo. A saída de Luis Díaz subtraiu à equipa o maior e mais valioso desequilibrador, o jogador que resolvia jogos mais apertados, num ápice e com centelha, aqueles onde o coletivo não conseguia desfazer os nós que o jogo criava. Com a sua ausência, o futebol é outro e, por arte e engenho, mais apoiado, adulto assente em formação, a procurar rendilhar no interior para abrir nas alas ou apurar o sal do último-passe-feito-assistência. Mas exige pulmão à equipa. Sem ele, a menor rotação esbarra em muros defensivos e, com o adensar da fadiga, pode afundar em menor eficácia e discernimento.
A ideia de que "todos contam" nunca foi tão evidente e a rotatividade em Lyon era a única forma de tentar ganhar o jogo e a eliminatória. Mas nenhuma gestão resiste, por mais realista que seja, se não for consequente com a principal aposta. E é por isso que, hoje à noite, o FC Porto tem condições para entrar com tudo no Bessa e manter a vantagem pontual da liderança. Depois, faltarão sete jogos.