PONTAPÉ PARA A CLÍNICA - Opinião de José João Torrinha
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É sabido que a gestão de expectativas é muito importante quando se tenta levar um projeto a bom porto. E se é verdade que os factos podem contribuir para alterar as expectativas e que estas, por sua vez, também podem influenciar os factos, o certo é que a realidade não deixa de ser o que é.
No início desta temporada, ouvi e li muitos vitorianos mencionando os pontos que o Vitória tinha que fazer para não descer. O tempo era (e é!) de vacas magras, mandou-se muito jogador embora, apostou-se no produto mais em conta e na prata da casa. Pelo caminho, ficamos sem treinador e o diretor desportivo não aqueceu o lugar. As expectativas estavam baixinhas.
O certo é que, fruto de muito trabalho, a equipa foi dando provas e somando pontos. O sistema tático foi alterado e aprimorado, vários jogadores começaram a crescer e o Vitória a trepar lugares na tabela. Por isso, quando nos preparávamos para receber o Arouca, já se pensava que com esses pontos e mais os que faturaríamos contra o Paços, o quinto lugar já estaria no papo. As expectativas tinham passado do subsolo para o céu.
A questão é que o nosso entusiasmo, sendo natural, não alterou o facto de ainda termos lacunas que necessitam de mais tempo e recursos para colmatar. E se a isso juntarmos quatro titulares lesionados, percebemos bem que é tempo de ajustarmos as expectativas.
Isso significa diminuir no entusiasmo e no apoio à equipa? Claro que não. O que não devemos é exigir o céu e permitir que a nossa frustração, quando as coisas não correm bem, ainda piore as coisas. Ontem, por exemplo, ouviram-se assobios à equipa aos 27 minutos. Será essa a melhor atitude?
Quanto à equipa, só tem de continuar a trabalhar com a mesma determinação e intensidade. As épocas são assim mesmo: numa altura estás uma série de jogos sem perder, na outra tentas de tudo e a bola recusa-se a entrar.
Ontem, por exemplo, depois de uma má primeira parte, o banco mexeu bem (taticamente e nas substituições) e as coisas melhoraram, mas acabamos por falhar no momento decisivo que é aquele em que temos de colocar a bola na baliza do adversário. Pela parte que me toca, tento não deixar que a frustração me tolde a razão e mantenho as expectativas no sítio certo e os pés bem assentes no chão.