VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Três possíveis pontos finais. Ou seja, reticências. Hoje, o primeiro e improvável ponto final, caso o Sporting não vença o Gil Vicente. O segundo, no próximo sábado, caso o FC Porto pontue na Luz ou os leões não consigam derrotar o Portimonense na deslocação ao Algarve. O terceiro, na última jornada e no Dragão, frente ao Estoril.
Não podendo ser campeão no jogo de ontem, depois de ter marcado passo em Braga na semana passada, o FC Porto jogou com a pressão relativa de quem está a poucos passos da meta. Sentia-se que o Dragão não concebia deslizes, sentia-se que a equipa não queria mostrar-se ansiosa.
Ao entrar no jogo com pés e cabeça, faltava remate e o perigo estava ausente. Mas a sensatez descansava as almas. Tudo se jogava em equilíbrio e o Vizela, competente e ligado, não ameaçava Diogo Costa. Os dois golos de vantagem pareciam ter aberto caminho para uma partida descansada e controlada pela ausência de nervos. Mas o primeiro remate do Vizela à baliza deu golo. E à saída do intervalo, um outro, o do empate, fez soar os alarmes e o apelo ao coração. Foi ele que desatou a bater, dentro e fora do campo. O Vizela merece ficar na I Liga e o FC Porto merece ser campeão nacional. Nesse sentido, assistimos a dois atos adiados.
Mesmo em desvantagem de dois golos, os vizelenses nunca se desmontaram ou deixaram de acreditar. Da mesma forma, o FC Porto não desembocou em tremideira aguda com o espectro do empate. O pontapé de alívio surge de um herói improvável, em fim de contrato, que Sérgio Conceição mantém em alto rendimento competitivo: Mbemba encarna como ponta de lança e desfaz o empate com um remate de primeira a responder a um cruzamento de Pepê. Depois, Taremi, em remate dose dupla com final acrobático, a fechar o jogo a 3 minutos dos 90´. O Dragão podia preparar a volta de honra, não sabendo se voltará a este mesmo relvado já coroado campeão ou se, no último ponto das reticências, terá que desfazer o nó frente ao Estoril. Mas respira-se o número 30 e, não sendo no sofá de hoje, não há portista que não vislumbre arrendar novamente um salão de festas. Com todo o respeito, sem água, agora com luz e champagne.
É difícil conter o optimismo, sabendo que falta tão pouco. Mas há dois jogos para a Liga e uma Final da Taça para ganhar. A cultura vencedora do FC Porto pesa-se na balança dos títulos. Exigência e felicidade. Antes de pensar nos Aliados, prefiro pensar que só uma "dobradinha" salva a época.