VELUDO AZUL - Um artigo de opinião de Miguel Guedes.
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Toda a campanha montada contra o FC Porto relativamente à simulação de jogadores, minutos excessivos do tempo de descontos ou mau comportamento em campo de jogadores, treinadores e dirigentes surtirá o seu efeito.
Nas próximas jornadas, os ajustes de contas ditarão múltiplas vontades a decidir em prejuízo azul e branco em casos duvidosos e, contra isso, temos que estar cientes e preparados.
Esse é o objetivo das campanhas externas de maldizer, demagogia e contaminação: preparar o futuro, moldar vontades à conveniência.
O FC Porto, fruto da enorme aptidão da maioria da comunicação social para os privilegiados de sempre, não consegue clarificar que os minutos de desconto frente ao Arouca foram mais do que adequados, que não colheu benefícios de nenhum penálti mal assinalado, que um lance de penálti sobre Fran Navarro foi ignorado, que o discutível golo do adversário nasce de um toque de braço indiscutível que o árbitro de campo não foi chamado sequer a visualizar ou debater, ao contrário de uma chamada telefónica que reverteu um penálti (ainda que indiscutivelmente mal marcado), coisa nunca vista em campo algum.
Se influência no resultado houve, só mesmo em nossa desvantagem e com contornos caricatos que, acima de tudo, hipotecaram toda a fluência e pressão final de um jogo de nervos muito mal jogado.
A equipa tem que jogar muito mais, é certo. Após 4 jornadas, 10 pontos e a liderança partilhada da Liga é pecúlio muito lisonjeiro face à falta de eficácia, previsibilidade e ausência de centelha do jogo jogado. É certo que não falta vontade e querer, é evidente que o ânimo e a crença continuam a ser pertença. Porém, uma equipa tem que chamar esses atributos perante um jogo de azar, não quando joga pouco. Jogando pouco, o ânimo entra na curva descendente e, como o último jogo foi prova, a equipa dá-se ao falhanço. Dois pontos perdidos da mesma forma, roleta ADN, como seis foram ganhos nas anteriores jornadas. Algo tem que mudar.
Esta ideia do comprometimento é magnífica mas todas as equipas que matam com ferros acabam por poder morrer com eles. É preciso muito mais do que o nervo que caracteriza alguns fins de jogos do FC Porto. Pede-se à equipa que vire o jogo ao contrário, que comece pelo fim, que entre como se o jogo estivesse a acabar. O futebol moderno já não se compadece com "vinte minutos à Porto", pressão inicial dos bons velhos tempos que saiam da cabine? Talvez ainda faça sentido. Se tudo agora tem um tempo de estudo e adaptação, então é a ocasião de mudar o programa curricular e procurar melhores notas. Altura de trabalho. Este momento de pausa veio mesmo a calhar mas está longe de ser recreio.