HÁ BOLA EM MARTE - Um artigo de opinião de Gil Nunes.
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Noutros contextos mas tão único como o Infante D. Henrique na história ou Herman José na comédia. José Mourinho deu "novos mundos" ao mundo do técnico português.
Foi o primeiro a ganhar uma dimensão planetária. Único. E o único que, a bem da Seleção, devia ter estado em silêncio numa altura sempre turbulenta de mudança de técnico.
A jogada teve dois objetivos: em primeiro lugar dirigida ao balneário da Roma. Eles bem que me quiseram mas eu fiquei aqui por vocês. E, em segundo lugar, para tentar recuperar um rótulo de "special one" que se foi sacudindo nos últimos tempos.
Fazer jogos mentais com clubes é uma coisa, com a seleção é outra. Navegador, comediante ou como qualquer um de nós, resta saber que tipo de "único" Mourinho pretende ser. E o único selecionador Martinez começou com o pé direito: sobre CR7 (agora mais tranquilo) é dialogar e dar o benefício da dúvida. E a aposta da Federação representa a convicção de continuidade pós- jogo da Sérvia: puxar a equipa para a frente, prevalecer toda a dimensão do talento. Martinez é treinador de ataque e entende o desafio.
7 Lucas Veríssimo:qualidade está lá
Se, na temporada passada, era uma espécie de central desejado e com licença para ser titular de imediato, hoje as coisas são diferentes. Com o campeão do mundo Otamendi e a revelação António Silva a afirmarem-se no eixo da defesa, Lucas Veríssimo assume um papel de opção de recurso que não traduz a sua qualidade original: forte na marcação e com uma propensão para sair a jogar que é rara de se ver num central. Não fosse a lesão sofrida e tudo teria sido diferente. Frente ao Varzim, apesar de alguns erros pontuais, foi mostrando os seus atributos e claramente demonstrando que o Benfica tem um (bom) problema de excedentes no centro da defesa.
8 Toni Martinez:a peça que faltava
Duas situações longínquas e naturais, com um ponto em comum: se o "hat-trick" apontado frente à Suíça fez com que Gonçalo Ramos tivesse de ser titular frente a Marrocos, a excelente exibição de Veron frente ao Arouca (liga) justificou a sua titularidade ante o Casa Pia. Ora, se a seleção de Marrocos pedia mais CR7, também a bem organizada defesa dos "gansos" justificava um jogo com outra abordagem em termos de dinâmica ofensiva. Tudo compreensível e tudo corrigido a tempo: frente ao Arouca (taça) o atacante espanhol mostrou que a articulação com Taremi continua bem afinada, carimbando um "hat-trick" que, mais do que tudo, representa uma candidatura a mais minutos.
8 Celton Biai: confirmação plena
Depois de um Vizela-Vitória que não correu propriamente bem a Bruno Varela - dois golos em que teve culpa direta fora um que foi invalidado também da sua responsabilidade - há outro guarda-redes que desponta para os lados do "castelo": Celton Biai. O tal que já demonstrou, na seleção de Sub-21, que é um valor seguro e a ter em conta para o futuro. Frente ao Braga, um punhado de excelentes intervenções foi adiando a reviravolta, num jogo que o Vitória não soube estancar nos minutos finais. Aos 79", a defesa que realizou - tirando o golo a Banza - foi de elevado grau de dificuldade e de guarda-redes muito acima da média. Qualidade indiscutível.
Gonçalo Inácio: a cobiça
Portugal tem um novo selecionador que aprecia a defesa a três, valorizando centrais com capacidade para sair a jogar. E que deverá olhar para Inácio com interesse. A cobiça não espanta: jovem, certinho na marcação e com uma propensão para iniciar a construção a partir da direita (sendo esquerdino) que é notável.