A Academia tornou-se o mais importante elemento da estratégia de crescimento do Braga
PASSE DE LETRA - Opinião de Miguel Pedro
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O plantel do SC Braga deslocou-se para terras algarvias para preparar a próxima época. Num total de 30 jogadores que Artur Jorge levou, 15 atletas são um produto da formação da academia bracarense. Não poderá haver maior reconhecimento do que este, no dia de hoje em que a Academia de formação do SC Braga faz, precisamente, cinco anos desde a sua inauguração.
Ao longo desta existência, a Academia tornou-se o mais importante elemento da estratégia de crescimento do clube e SAD: como fator de criação de valores seguros que permitam bons encaixes financeiros e, ao mesmo tempo, assegurem competitividade às várias equipas de futebol e - muito importante - como elemento aglutinador da ideia de comunidade, permitindo junto dos mais jovens criar adeptos, que se revêm no arquétipo do jogador da academia.
Esta semana, o SC Braga publicou um destacável num jornal da cidade que contém informação bem esclarecedora: comparando a última época pré-academia (2015-2016) com a época transata (2021-2022) - e não entrando aqui na análise dos valores financeiros envolvidos nos vários jogadores da Academia, cingindo-me às questões estritamente desportivas - os números apresentados são esmagadores.
Em 2015/16, nos escalões de formação (de sub-15 até sub-21), o SC Braga teve nas seleções 18 jogadores convocados e 8 jogadores internacionais; em 21/22, foram 48 os convocados e 29 os internacionais.
Este crescendo de qualidade refletiu-se, como seria de esperar, no número de jogadores utilizados no plantel principal: em 2015/16, não foi utilizado nenhum jogador da formação no plantel principal ao longo de toda a época e nas diversas competições; em 2021/22, foram 18 os jogadores da Academia que o treinador pode utilizar no plantel principal, nas várias competições.
E a tendência é de um crescendo acentuado. Basta constatar que em 15/16, a Academia era frequentada por 278 jovens atletas, orientados por sete treinadores, num total de 14 turmas; na época passada, eram 493 os jovens inscritos, distribuídos por 20 turmas, sob a tutela de 16 treinadores.
O anúncio da inauguração da segunda fase para 2023, num investimento de 45 milhões de euros, assegurados totalmente pela SAD bracarense, consolidará esta estratégia de crescimentos e de sucesso.
Paralelamente a isto, o SC Braga inaugurou esta semana uma outra cruzada: alterar o quadro conceptual, competitivo e normativo do futebol português, para a sua melhoria qualitativa e competitiva. Está lançado o debate. Vejamos, agora, se há, na comunidade do futebol português, verdadeira vontade de discutir e debater tal mudança.