Após mais uma reunião "inconclusiva" com o líder da Federação Portuguesa de Judo, João Rodrigues, presidente da Comissão de Atletas Olímpicos, vai expor o caso ao IPDJ.
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A judoca Leandra Freitas ainda aguarda uma justificação da Federação Portuguesa de Judo (FPJ) por ter deixado de ser inscrita pela entidade em provas pontuáveis para o ranking mundial. A par da situação, o presidente da Comissão da Atletas Olímpicos esteve reunido com o presidente da FPJ, mas a conversa foi "inconclusiva" e João Rodrigues vai avançar com uma exposição ao IPDJ, como explica a O JOGO.
"A Leandra Freitas contactou-nos há algum tempo e enviámos um ofício para a FPJ a solicitar alguns esclarecimentos, porque nunca nos foi indicado quais os motivos para o processo instaurado, que dizem ser administrativo. Não é um processo disciplinar. Depois desse ofício, o senhor presidente telefonou-me, reunimos há cerca de um mês e o senhor presidente achou que não tinha de justificar formalmente o porquê do impedimento de inscrição da atleta em provas específicas", diz João Rodrigues, presidente da Comissão de Atletas Olímpicos.
Por sugestão de Jorge Fernandes, dirigente máximo da FPJ, deu-se nova reunião esta semana e dada a impossibilidade da presença da judoca madeirense, que vive em Paris, a atleta fez-se representar pelo advogado André Dias Ferreira. O resultado foi o mesmo.
"Tentámos explicar ao presidente que a FPJ é uma instituição de utilidade pública, que gere dinheiros públicos e está sujeita às regras inerentes aos contratos que assina com o governo. Tem direitos, mas também tem deveres e um dos deveres é justificar todas as ações que influem na vida dos atletas e não é esse o entendimento do senhor presidente. Manifestámos a nossa discordância, porque não percebemos as razões da FPJ e vamos levar este processo ao IPDJ para que tome as diligências necessárias para clarificar esta situação que achamos inadmissível. E para que estas situações jamais se repitam. Isto não pode acontecer, num Estado de Direito, uma federação tomar decisões destas sem justificar. Lamentamos, mas neste país isso não existe e vamos tomar diligências para que seja reposto o normal funcionamento da FPJ", explica o velejador, recordista nacional de participações olímpicas (sete).
Perplexo, João Rodrigues assume que ao longo da carreira, não tem memória de caso semelhante. "Nunca presenciei nada assim, nem julguei que alguma vez pudesse acontecer. Aqui há um choque de conceções sobre a realidade. Não há uma visão coincidente sobre a forma como vemos o desporto", atira, acrescentando que esta situação já não se restringe a Leandra Freitas. "Qualquer atleta da FPJ sabe que neste momento a Direção pode tomar uma ação destas, em relação a qualquer atleta, sem sentir necessidade de justificar o que quer que seja. Dentro da Comissão, é unânime que isto não é admissível".