Pilotos de MotoGP manifestaram vontade de não acelerar em Mugello poucas horas após a trágica morte do jovem piloto luso-suíço, no mesmo local, numa qualificação de Moto3. Pedido não atendido causou indignação.
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A realização, no último domingo, do GP de Itália em Moto GP na pista de Mugello onde, um dia antes, o piloto suíço Jason Dupasquier morreu vítima de um acidente, suscitou críticas e lamentos de vários pilotos da principal categoria da modalidade.
Antes de porem a mão no acelerador para disputar a sexta prova do Mundial e arriscarem as próprias vidas, muitos revelaram o desejo do cancelamento/adiamento da corrida, em respeito ao malogrado jovem piloto. Cumprir um minuto de silêncio foi até um martírio.
"Perdemos um jovem e a situação não foi tratada adequadamente. No sábado, já era difícil andar de moto e hoje [domingo] tornou-se quase impossível depois de ter tido um minuto de silêncio. Eu não estava calmo (...). Disse a Davide [Tardozzi, diretor da Bugati], que teria preferido não correr, mas este é o nosso trabalho. (...) Após o minuto de silêncio, foi ainda mais complicado", afirmou Francesco Bagnaia (Ducati).
"Sinto-me sujo por ter corrido na mesma pista onde morreu um rapaz de 19 anos. Não me parece normal, tal como não é normal que ontem ninguém nos tenha consultado. Três minutos após a descolagem do helicóptero, a pista reabriu como se nada tivesse acontecido. Há tipos que pensam que o que aconteceu ao Jason também lhes poderia acontecer. Teria sido seguido o mesmo comportamento se um piloto de MotoGP tivesse morrido?", condenou Dani Petrucci (KTM).
Crítico foi também Aleix Espargaró (Aprilia Racing), que impusera uma condição para correr. "Quando se sabe que um piloto morreu, bate-nos com força. Não sei como é que conseguimos fazer um minuto de silêncio na grelha e depois fazer uma corrida. É uma coisa difícil de aceitar. No sábado, já tinha dúvidas sobre se era correto. É difícil para todos aceitar esta situação. Depois do que aconteceu, disse a Massimo [Rivola, CEO da Aprilia Racing] que não correria em caso de morte. Disseram que a situação era estável e por isso concordei em pegar na moto. Agora, sinto-me mal comigo mesmo, não compreendo como consegui apagar tudo e fazer o GP", lamentou o espanhol.
Johann Zarco admitiu igualmente o impacto do momento. "Foi muito difícil entrar na qualificação e fazer de conta que nada tinha acontecido. Quando soubemos que ele tinha falecido, o minuto de silêncio foi importante para existem muitos sentimentos mistos. Apetece-te muito chorar mas tens que manter-te focado e talvez chorar à noite. É o risco do nosso trabalho. É muito doloroso quando estas coisas acontecem", acrescentou o piloto da Pramac.
Jason Dupasquier, piloto suíço de apenas 19 anos de idade, de ascendência portuguesa e que corria em Moto3, perdeu a vida na pista italiana de Mugello, no último sábado, ao sofrer um acidente durante a qualificação para o GP de Itália da categoria terciária.
Dupasquier foi, após ser assistido pela emergência médica, transportado do recinto transalpino de helicóptero e foi internado, em estado muito grave, num hospital de Florença, não tendo resistido às sérias lesões cerebrais causadas pelo atingir de uma mota a grande velocidade.
O jovem piloto luso-suíço, que corria pela equipa da Prustel GP, participava, pelo segundo ano consecutivo, no Mundial de Moto3 de motociclismo. A morte do mesmo foi oficializada na manhã do último domingo.