"Assim, talvez tenha tido que trabalhar a dobrar", diz Miguel Oliveira a O JOGO
Miguel Oliveira lembra a trajetória árdua para chegar ao topo do motociclismo
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Miguel Oliveira vai ser o primeiro português a competir na mais alta categoria do motociclismo. A partir de março de 2019, o piloto de Almada disputará com Marc Márquez ou Valentino Rossi, entre outros, o título mais apetecível da modalidade, o que conseguiu depois de ter sido vice-campeão mundial nas categorias de Moto 2 e de Moto 3.
Em declarações a O JOGO, Oliveira explica que o brilhantismo da trajetória pessoal foi alcançado à custa de muito trabalho. "Fui pioneiro em Portugal a traçar um caminho até ao Moto GP, demonstrando que é possível. Se tivesse tido outra nacionalidade ou, sendo português, se tivesse tido um grande patrocinador, talvez tivesse chegado lá mais rápido, quem sabe. Assim, talvez tenha tido que trabalhar a dobrar", comentou, após uma conferência de imprensa que teve lugar no Estoril.
Durante a sessão de perguntas e respostas, caracterizou-se como um piloto ponderado. "Sou um piloto muito calculista e isso faz-me terminar muitas vezes nos pontos. O risco é sempre medido. As quedas que dei foram sempre nas qualificações, porque aí temos que tentar andar um pouco mais rápido para obtermos uma melhor posição de saída. Esse é o meu estilo, sou um piloto muito calculista que gosta de forçar a mota ao limite apenas quando me sinto confortável para o fazer ou quando a mota o permite. Não sou de cair sem motivo. Mas também reconheço que isso não é um indicador de nada, porque, por exemplo, o Marc Márquez cai muitas vezes e é ele o campeão do mundo. Não é indicador de que se esteja a trabalhar num bom ou num mau caminho", disse.
Em relação à nova mota que vai encontrar nesta categoria, explicou que pode demorar algum tempo até conseguir adaptar-se na perfeição. Até porque, quando a velocidade aumenta, tudo é diferente: "Passei dois anos com uma mota e agora esta não tem nada a ver. Em tudo. A nível de potência, aceleração, travagem, eletrónica, são vários fatores que tenho que controlar com a minha condução. As trajetórias são diferentes e existe um readaptar até ao nível visual, porque tudo acontece a uma velocidade muito maior. É preciso aprender, porque o estilo de condução é muito diferente. Por exemplo, na Moto 2 costumamos deslizar muito para a entrada da curva, enquanto com a Moto GP não se desliza. Tem de haver uma maior confiança no trem dianteiro, o que é complicado de um dia para o outro. Mas a equipa já conseguiu afinar melhor a mota ao meu estilo de condução e, apesar de eu ser um estreante, já tenho algumas coisas que sinto na mota e dou o meu feed-back à equipa, de coisas para serem melhoradas. Apesar de ser uma mota diferente, continua a ter duas rodas e acelera e trava como as outras."