O meu 25 de Abril | "Estava numa grande farra noturna, devo ter dormido durante todo o dia"
50 anos do 25 de Abril >> João Lagos, ex-tenista e empresário, recorda o dia da Revolução dos Cravos e analisa o que mudou no futebol em Portugal ao cabo de 50 anos de democracia
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Onde estava no 25 de Abril?
Estava numa grande farra noturna. Apercebi-me de que algo acontecera quando ia a caminho de casa e devo ter dormido durante o todo o dia. Pouco me lembro. Mas recordo que já estava a imaginar, há muito tempo, o que poderia fazer quando terminasse a carreira de jogador. Passado um mês, criei a minha escola de ténis [ETJL], precisamente por causa desse clique que faltava e que o 25 de Abril ajudou a concretizar. A partir desse dia, fiquei com a sensação de que podia realmente fazer qualquer coisa por uma modalidade pouco popular.
Como analisa a evolução do ténis de então para cá?
Deu-se um grande salto, volvidos estes 50 anos, principalmente no mediatismo que a modalidade alcançou e que trouxe, claro, mais praticantes. Tenho algum mérito nisso, ao trazer a Portugal os grandes nomes destas cinco décadas, desde o Borg, o Connors e o McEnroe até ao Djokovic, passando pela dupla presença do Federer. Apresentar essas grandes figuras ao público foi o impulso para um desenvolvimento a todos os níveis, quer através de eventos de exibição quer através das 25 edições do Estoril Open. Estava a criar tudo de novo, não existiam infraestruturas e, com a ajuda de muito boa gente, tive de desbravar um longo caminho para esta evolução. Nos últimos anos, com a chegada dos lucros das apostas desportivas, a Federação [FPT] tem a modalidade controlada, gere o Complexo de Ténis do Jamor e, este ano, são quase nove milhões de euros, valor que pode aplicar naquilo que quiser.