Telma Monteiro foi campeã entre os campeões e ofereceu o "ouro" a Portugal nos Europeus de judo, competição em que a representação lusa igualou o melhor resultado de sempre e que Rochele Nunes fechou hoje com o "bronze".
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Algum tempo passou desde que o então selecionador Michel Almeida disse que dificilmente se repetiriam resultados como os de 2008, mas 13 anos depois, no mesmo local, em Lisboa, Telma Monteiro, Bárbara Timo, João Crisóstomo e Rochele conseguiram.
A seleção portuguesa voltou a lutar em casa, no mesmo palco que lhe dera o maior sucesso e igualou, em número e valor das medalhas, os resultados que João Neto (ouro), Ana Hormigo, a atual selecionadora, Yahima Ramirez e Pedro Dias (todos bronze) tinham alcançado.
A caminhada começou na sexta-feira, com Telma Monteiro a "elevar" a bandeira e a permitir que se ouvisse o hino português na Altice Arena.
Da judoca, a melhor portuguesa de todos os tempos, tudo se espera, e, aos 35 anos, demonstrou que a ambição e a vontade ainda é muita, para chegar à sua 15.ª medalha, a sexta de ouro, em Europeus, em idêntico número de participações, um recorde na competição.
Em -57 kg, a judoca não era a principal cabeça de série, mas, a competir em casa, com a experiência e qualidade habitual, quis demonstrar que dificilmente lhe escaparia o lugar mais alto do pódio, numa competição em que afastou a favorita Nora Gjakova.
O dia de abertura dos Europeus aumentou as emoções na seleção, que pouco antes já tinha visto João Crisóstomo (63.º do "ranking"), judoca da universidade Lusófona, vestir uma capa de herói improvável e alcançar o bronze em -66 kg.
Crisóstomo deixou vários favoritos pelo caminho, num percurso em que venceu quatro de cinco combates, e todos no "golden score", o prolongamento após empate nos primeiros quatro minutos regulamentares.
No sábado, Bárbara Timo foi o "trunfo" do dia, com a vice-campeã mundial a não deixar escapar o "bronze" em -70 kg, e no domingo coube a Rochele Nunes, que tinha sido medalha de bronze nos Europeus de 2020, fechar com novo terceiro lugar.
Se na equipa feminina qualquer uma das três podia "pensar" em medalhas, em masculinos acabou por ser João Crisóstomo o grande nome da seleção, face a novo momento inglório de Anri Egutidze, que voltou a perder na decisão, ou à surpresa na derrota de Jorge Fonseca.
Egutidze saiu de dois Europeus desolado com o quinto lugar em -81 kg, mas desta feita após ter afastado na sua categoria o campeão olímpico, o russo Khasan Khalmurzaev, e o campeão mundial, o israelita Sagi Muki.
De Jorge Fonseca esperava-se ainda mais, com o judoca do Sporting a poder apresentar-se no "tatami" com "kimono" de campeão mundial, mas saiu frustrado, após uma decisão de arbitragem que contestou, mas que o afastou da luta pelo "bronze".
Fora das medalhas, também em sétimo, terminou Patrícia Sampaio, com novo infortúnio da judoca, que depois de uma fratura na perna num Grand Slam em outubro, sofreu hoje, no seu regresso, uma microrrotura muscular, e já não se levantou do 'tatami'.
Sem cumprir as metas traçadas, aquém estiveram igualmente Catarina Costa, em zona de apuramento olímpico e que foi surpreendida na estreia em -48 kg, e Rodrigo Lopes, em -60 kg, que tenta somar pontos para estar em Tóquio2020, e caiu ao segundo combate.
Já Joana Ramos, veterana (39 anos) e experiente, prepara a sua provável despedida do judo, após os Jogos Olímpicos de Tóquio, e os Europeus de Lisboa, que repetiu depois de um sétimo lugar em 2008, não foram simpáticos.
Depois de uma primeira vitória expectável, Joana, que não era cabeça de série nestes Europeus, não conseguiu ultrapassar a vice-campeã olímpica Odette Giuffrida, que terminaria com a medalha de prata.
Diogo Brites (um combate), Manuel Rodrigues (um), André Diogo (um), João Fernando (dois), Vasco Rompão (um), Wilsa Gomes (dois), Joana Diogo (um) ou Maria Siderot (um), a maioria jovens, ganharam em Lisboa "calo" para o ciclo de Paris2024.