Além de ter sido emocionante, o encontro de quinta-feira entre FC Porto e Oliveirense, da quarta jornada da segunda fase da Liga Portuguesa e que os dragões venceram por 81-79, ficou marcado por um raro episódio no panorama nacional
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Na reta final do segundo quarto, os árbitros Fernando Rocha e Paulo Marques (AB Porto) precisaram de deixar o campo em direção à bancada de Imprensa para recorrer à repetição das imagens da transmissão do Porto Canal, após uma falta do portista Will Sheehey sobre Marko Loncovic, da formação de Oliveira de Azeméis.
O momento deixou muitos presentes no Dragão Caixa admirados, alguns desconhecendo ser possível o uso da ferramenta e não evitando comentar que se tratava de uma espécie de vídeo-árbitro (VAR) como no futebol.
Chama-se Instant Replay System (IRS), surge inserido no artigo 46 "Árbitro principal: deveres e poderes" (página 52) das regras da FIBA e "já existe há muitos anos nas competições de seleções e também nas de clubes como a Euroliga", conforme conta a O JOGO o juíz da partida, Fernando Rocha. "No futebol há uma pessoa exterior, aqui são dois árbitros da partida que vão rever. O protocolo é diferente", acrescenta a respeito das comparações.
"Há várias situações em que o árbitro pode ir ao IRS, umas que podem ser visualizadas durante todo o jogo, outras no final dos quartos e outras nos últimos dois minutos. Com a nova atualização das regras, passou a ser possível ir verificar se uma falta normal, anti-desportiva o é ou não. Na situação de ontem, tinha sido marcada falta anti-desportiva [valeria dois lances-livres mais posse de bola] que foi corrigida para falta normal [dois lances-livres], mas podia ter sido o inverso", explica o árbitro internacional, que já esteve em quatro Europeus, dois Mundiais e apita na Euroliga desde 2000.
Na principal prova de clubes do Velho Continente, há um ecrã ao dispor do árbitro junto à mesa, várias câmaras e um operador, condições que ainda não existem em Portugal. Por isso, o recurso às imagens é menos frequente, não havendo também tantas polémicas. "Não existem, porque o basquetebol aqui não é um desporto de massas, não é tão falado ou escrutinado", lembra Fernando Rocha.
Entre as situações mais recordadas está uma em fevereiro de 2016, em que o IRS foi usado para ver se Carlos Andrade (Benfica) tinha ou não pisado a linha de três pontos num último lançamento que poderia ter dado prolongamento na final da Taça Hugo dos Santos; e outra no mês seguinte, na qual as imagens permitiram ver se a bola atirada por Brad Tinsley (FC Porto) já ia no ar quando a buzina soou num clássico contra os encarnados.