Fórmula 1 com marco histórico e polémico: a milésima corrida ou... mais ou menos
Grande Prémio da China assinala um marco histórico e polémico. Tanto há 26 corridas a mais como faltam outras
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Giuseppe "Nino" Farina, num Alfa Romeo, ganhou a primeira corrida do Mundial de Fórmula 1, a 13 de maio de 1950, em Silverstone, sendo longa e emocionante a história até este domingo, quando, pelas 7h10 portuguesas, se der a partida para o Grande Prémio número 1000, na China. Pelo caminho, a competição mais importante do automobilismo teve 764 pilotos, 107 vencedores de corridas e 33 campeões mundiais, embora só este último número seja consensual.
Este é um fim de semana especial para a Fórmula 1, ou mais propriamente para o Mundial, que festeja a corrida número 1000, esquecendo que nas contas há tantas falhas que é impossível ter certezas
A verdade é que a F1, tal como muitas áreas do desporto, tem sérios problemas com as estatísticas históricas. Entre 1950 e 1960 foram incluídas 11 edições das 500 Milhas de Indianápolis, embora fossem poucos os F1 a participar. Mais curioso: Bill Vukovich, que nunca pilotou um F1, tem duas vitórias, uma pole, três voltas mais rápidas e 19 pontos no Mundial, tudo ganho na Indy 500, prova onde viria a morrer, em 1955. Tecnicamente, foi o primeiro morto da F1.
Como em 1952 e 1953, por falta de carros, se correu com regras de Fórmula 2, no total das 1000 corridas há 26 que na realidade não foram de F1. Mas as complicações não terminam aqui...
Se oficialmente foi considerada a vitória de Farina em 1950, a verdade é que em Silverstone já se tinha corrido nos dois anos anteriores, enquanto o GP do Mónaco, por exemplo, existe desde 1929. Aliás, considera-se que o primeiro vencedor de um "Grande Prémio" foi o húngaro Ferenc Szisz, no ano de 1906, e ainda falta contabilizar as inúmeras corridas de Fórmula 1 que se realizaram e não foram consideradas para o Mundial. Entre 1978 e 1982 existiu até o Campeonato Britânico de Fórmula 1 e a última dessas provas foi ganha, em 1983, por Keke Rosberg, campeão mundial em título. Logo, não seriam corridas "piratas".
A Fórmula 1 já faz negócio vendendo as suas t-shirts com o número 1000, mas talvez ficasse bem acrescentar-lhes "mais ou menos".
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Ferrari: a equipa que se confunde com a Fórmula 1
Criada em 1947, na altura para correr com os Alfa Romeo, a equipa de Enzo Ferrari está na Fórmula 1 desde o primeiro Mundial. Alinhou em 974 corridas, foi a 747 pódios, venceu 235 - a McLaren está a distantes 182 - e tem um recorde de 83 com primeiro e segundo lugares. A Ferrari possui ainda 16 títulos de construtores e 15 de pilotos, estes ganhos com Alberto Ascari (dois), Juan Manuel Fangio, Mike Hawthorn, Phil Hill, John Surtees, Niki Lauda (dois), Jody Scheckter, Michael Schumacher (cinco) e Kimi Raikkonen, este em 2007, o que ilustra o segundo mais longo jejum da história da equipa que se confunde com a Fórmula 1. É que a Ferrari nunca teve os mesmos êxitos nas restantes categorias, embora tenha ganho nove vezes, à geral, as 24 Horas de Le Mans.
Dados a reter
Pontos - 0,5
Somou Lella Lombardi, a única mulher que pontuou, num GP de Espanha de 1975 encurtado por grave acidente
Póstumo - 1
Jochen Rindt sagrou-se campeão mundial em 1970 já depois de ter falecido num acidente
Portugueses - 5
Foram Casimiro de Oliveira, que testou e nunca correu, Mário de Araújo Cabral (5 GP), Pedro Matos Chaves, que não passou a qualificação em 13 GP, Pedro Lamy (32 GP, um ponto) e Tiago Monteiro (37 GP, um pódio)
Países - 21
já tiveram vencedores de corridas, entre o total de 107 pilotos. A Grã-Bretanha conta 19 pilotos a ganhar e dez com títulos mundiais
Campeões - 33
Nino Farina foi o primeiro campeão mundial, Lewis Hamilton o mais recente. 20 ainda estão vivos