Durante as corridas pilotos e equipas trocam impressões. Algumas chegam ao público, outras nem por isso. Este ano, Vettel e os seus impropérios fizeram parte do espetáculo e a F1 acredita que dá audiências
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Nos últimos anos, a Fórmula 1 tem vindo a perder audiência, tendo sido divulgado, inclusive, uma queda de 50 por cento. Os responsáveis pelo Mundial têm tentado inverter a tendência e uma das manobras de marketing para atrair de novo a atenção do público passa por divulgar as conversas via rádio entre pilotos e equipas. Agora, no final de 2016, em tempo de balanços, as palavras trocadas entre eles foram alinhadas numa espécie de ranking, no qual Sebastian Vettel (Ferrari) surge como o que mais reclama, excedendo-se na linguagem, e Lewis Hamilton, na Mercedes, um dos que mais falam com a sua equipa.
No Brasil, Vettel passou a corrida a vociferar, questionando as decisões dos organizadores face à chuva intensa. "Isto é uma loucura. É estúpido. Bandeira vermelha. É isso. Precisamos de pneus de chuva extrema. Depois, precisamos parar a corrida. Não está a dar certo. Quantas pessoas mais vocês querem que batam? Quase bati no Kimi no meio da reta. Não dá para ver nada." Mas foi na Rússia que o alemão perdeu a cabeça logo na largada, envolvido num incidente com Daniil Kvyat que o fez furar um pneu: "Que p... Quem foi o filho da p... que bateu em mim? Estou fora. Bati. Alguém bateu na minha traseira na p... da curva 2 e depois de novo na curva 3. P... Honestamente, que c... estamos a fazer aqui?" Em Espanha, o piloto da Ferrari não gostou dos ataques de Daniel Ricciardo e protestou: "P... Se eu não evitasse, ele batia no meu carro. Veio direto a mim. Estamos a correr ou a jogar pingue-pongue?"
Ao longo da época, Lewis Hamilton foi esgotando o repertório de onomatopeias e lançando os seus desabafos irónicos, como quando percebeu que o título dependia de uma combinação improvável de resultados. "Estou a perder o campeonato, por isso não estou incomodado se vou vencer ou perder esta corrida", disse Hamilton em Abu Dhabi. No Canadá, o britânico prestou homenagem a um dos monstros do desporto, quando, depois da vitória, proferiu uma das conhecidas frases de Muhammad Ali, falecido nessa semana: "Voe como uma borboleta, pique como uma abelha. Esta foi para Ali."
Via rádio, as últimas palavras do ano foram as de Nico Rosberg (Mercedes), que festejou assim o primeiro título mundial: "Obrigado, rapazes. É um sonho de criança que se torna realidade."