Humilde, sem se se colocar em bicos de pés, o pivô assume que tem vindo a evoluir, especialmente no ataque. Diz que o FC Porto ainda pode fazer melhor e que da dor os atletas fizeram forças
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Victor Manuel Iturriza Alvarez, de 31 anos, chegou a Portugal pela porta do Avanca, em 2014/15. Duas temporadas depois saltou para o FC Porto, onde já soma dois campeonatos, duas Taças de Portugal e uma Supertaça, além de duas presenças nos oitavos de final da Liga dos Campeões.
Nos últimos três anos, e tendo pelo meio um atípico por causa da pandemia, o FC Porto ganhou todas as cinco provas disputadas. Como se não bastasse, esta época o campeonato foi só com vitórias. O que pode a equipa fazer mais?
-(risos) Pode fazer tudo de bom a nível interno, porque o FC Porto tem fome de ganhar títulos. A sensação da vitória é muito boa e esta equipa nunca se vai cansar. Com tudo a correr bem podemos ser ainda muito melhores e queremos continuar a elevar a qualidade a nível interno e também internacional.
É possível fazer mais do que ser campeão só com vitórias?
-Podemos ser mais consistentes, fazer diferenças mais evidentes perante algumas equipas, não ter algumas quebras de concentração e continuar o bom trabalho que temos vindo a fazer. Temos uma Supertaça já em agosto, que queremos ganhar.
O que faz a diferença entre o FC Porto e as outras equipas, para a hegemonia tão grande?
-É o trabalho de um conjunto de pessoas, desde o roupeiro à assessora de comunicação e até à direção. Há muito trabalho feito que não se vê, mas quando se trabalha bem e com confiança uns nos outros, os resultados surgem. Não sei como é feito o trabalho nos outros clubes, mas aqui fazemos um trabalho sério, com foco, responsabilidade e os resultados surgem.
Outra forma de se ver o sucesso do FC Porto é pelo número de jogadores que dá à seleção. Chegaram a ser 12 em 18...
-É verdade. Ainda há dias estávamos a ver um Benfica-Sporting e a comentar que cinco dos seis jogadores do Benfica eram estrangeiros, só havia um português. Já o FC Porto é o contrário, geralmente tem seis portugueses e um estrangeiro. O trabalho aqui é feito com qualidade e isso nota-se.
Nas últimas épocas evoluiu bastante e estará entre os melhores os pivôs do mundo. Sente essa evolução?
-Desde há dois anos que tenho vindo a jogar cada vez melhor, tanto a defender como a atacar. É a atacar que me tenho evidenciado mais, pela facilidade de fazer golos, por estar muito concentrado nas movimentações do ataque. Tem sido um dos meus melhores anos. Não é fácil andar sempre ali, é muito duro, mas quando se chega ao fim e vê-se os resultados, é muito gratificante.
Que o fez evoluir assim tanto? O treinador?
-O Magnus [Andersson] chegou cá e deu-nos a liberdade de estar à vontade dentro de campo, não há uma linha rígida da qual não se pode fugir. Isso aqui não existe. Podemos fazer as coisas com alguma liberdade e, acima de tudo, com muita confiança. E isso, para um atleta, é algo fundamental.
Na Champions ganharam por três golos no Dragão Arena, perderam por três fora, foram eliminados pelo Aalborg e não chegaram aos quartos de final por terem menos golos fora de casa. Que sensação ficou?
-Foi muito ingrato. Mas hoje em dia não há equipas muito superiores e nós fomos a prova disso. É bom saber que chegar aos oitavos de final já é pouco para o FC Porto. A Champions é assim, aprende-se muito a cada jogo e subir o nível e ter cada vez mais experiência na competição é aquilo de que nós precisamos. Estamos a ir degrau a degrau e ainda nos falta aquele passo mais na Liga dos Campeões. Vamos encarar a próxima época muito mais conscientes de que somos capazes fazer coisas melhores e que não será surpresa alguma o FC Porto passar os oitavos de final.
"É quase impossível, a quem entra aqui, não sentir amor pelo clube"
"O FC Porto é a minha casa, sou portista. Não era, mas é quase impossível, a quem entra aqui, não sentir amor ao clube. Pelas pessoas, pela sensibilidade que há aqui. Tratam-nos como família e é impossível não ter um sentimento de pertença", assume Victor Iturriza, que vai em cinco anos de dragão ao peito e, ainda que não tenha sido revelado, assim deverá continuar.
"Esta é mesmo a minha casa, sou feliz aqui, vejo as outras modalidades. Aliás, ainda estou a vibrar com o hóquei em patins. As modalidades são muito bonitas de se ver e de se jogar. E precisam de maior divulgação", apela.