"Andebol está na moda e pode haver quem queira aproveitar para surfar a onda"
ENTREVISTA, PARTE I - Miguel Laranjeiro, líder da Federação de Andebol de Portugal, deu entrevista exclusiva a O JOGO, admitindo vir a ter concorrência nas próximas eleições, mas dando também a notícia de que se irá recandidatar ao cargo pela segunda vez.
Corpo do artigo
Miguel Laranjeiro, presidente da Federação de Andebol de Portugal (FAP), falou a O JOGO das eleições de 2024, mas também revelou um novo formato do campeonato e a introdução do videoárbitro, entre outras novidades.
Vai recandidatar-se à presidência da Federação?
-As eleições serão só no próximo ano, mas estou disponível para dar o meu contributo no mandato seguinte, continuando um caminho de credibilidade e, claro, se os membros da Assembleia Geral o desejarem. Lidero uma equipa que em 2018 definiu um caminho e um programa estratégico - "Rumo 2028" - para uma década, três ciclos olímpicos. Com propostas quantificadas para o decurso dos mandatos. Isso só é possível com estabilidade, rigor e foco. Há muito ainda a fazer, embora tenhamos superado algumas das metas, mesmo as mais ambiciosas.
O primeiro mandato foi focado na questão financeira...
-Sim, foi. Um dos objetivos foi estabilizar financeiramente a FAP. Mesmo com o importante trabalho feito até aí, em 2016 tínhamos mais de um milhão de euros de dívidas, cerca de 12 meses de atraso no pagamento aos árbitros e alguns planos de pagamento que não podíamos cumprir. Tudo hoje é diferente. Foi preciso ganhar credibilidade e a confiança dos nossos parceiros. Controlámos os custos, mesmo tendo, ao mesmo tempo, mais atividades. Sabemos que construir é difícil, destruir é fácil.
Quais são as metas desse novo mandato?
-Trabalhar com toda a comunidade para alavancar ainda mais o andebol. Manter o ciclo positivo construído no masculino desde 2020. Projetar a Seleção feminina para patamares de excelência. Apoiar ainda mais os clubes, que têm sido o motor do nosso desenvolvimento. Vamos continuar a preparar o Europeu"2028, uma responsabilidade partilhada com Espanha e Suíça. Será um dos maiores eventos desportivos da década em Portugal e resulta também da relação excelente com a EHF (Federação Europeia de Andebol). Ainda este ano teremos dois membros no executivo europeu: Pedro Sequeira na Comissão de Métodos e Leonor Mallozzi na Comissão de Andebol Feminino.
E mais organizações?...
-Queremos organizar, pelo menos, mais uma fase final de um Europeu júnior, se possível feminino. Estamos a trabalhar essa possibilidade. Queremos consolidar o processo de certificação dos clubes, aumentando o seu número e os níveis atingidos. Continuaremos a trabalhar com o COP, com quem aprendemos muito, sobretudo pela nossa participação olímpica.
Acredita que haverá outras listas?
-Sinceramente não sei, mas sei que hoje a FAP é muito mais apetecível. O andebol está na moda e pode sempre haver quem queira aproveitar para surfar a onda. O que me importa é concentrar no trabalho que estamos a desenvolver, envolvendo clubes, associações, toda a modalidade. Digo sempre que somos muitos, mas muito poucos para o que temos de fazer. Unir é sempre a estratégia da equipa que tenho a honra de liderar.
"Masculinos fora a todas as finais"
"No que diz respeitos aos resultados, o desporto tem a vantagem de nunca nada estar terminado", diz Laranjeiro. "Queremos manter os resultados dos seniores masculinos, que estão a caminho de um recorde de presenças em fases finais, sendo que foram a todas as fases finais deste mandato, o que aconteceu pela primeira vez na história, e também nos jovens como foi o caso do Europeu Sub-20 do ano passado", diz, para terminar: "Queremos dar passos sustentáveis na vertente feminina. Esta ambição é alargada ao andebol de praia e ao andebol em cadeira de rodas, onde somos uma referência, com a recente conquista do Campeonato da Europa e do Mundo".