Máximo nacional da maratona é o mais duradouro da história em Portugal, embora na corrida de Chicago, em 1985, a melhor mundial de sempre tenha sido terceira.
Corpo do artigo
Rosa Mota passa a ser, a partir deste sábado, a primeira atleta em Portugal a ter um recorde nacional com 33 anos. É um registo para a história, mas a melhor maratonista mundial de sempre já tinha desde o início do ano o máximo mais duradouro de sempre, pois os seus 2h23m29s tinham deixado para trás, em longevidade, as marcas nos 100 metros de dois antigos velocistas, tripeiros como ela, que se mantiveram intocáveis entre as décadas de 30 e 60 do século passado.
Foi no dia 20 de outubro de 1985 que Rosa Mota teve uma das derrotas mais saborosas de uma carreira onde os triunfos pontificaram - ganhou 14 das 21 maratonas que correu. Na mítica Maratona de Chicago, onde alinhava como bicampeã, Rosa era uma das cabeças de cartaz, já campeã da Europa e medalha de bronze olímpica. As outras eram a campeã olímpica Joan Benoit, a correr no seu país, e a então recordista mundial (2h21m06s), a norueguesa Ingrid Kristiansen.
Na época foi dado pouco relevo à marca de Rosa Mota, pois bateu o recorde sendo terceira e só fazia manchetes com vitórias
As duas bateram a portuguesa - com Benoit a ganhar em 2h21m21s, ficando a 15 segundos do máximo mundial -, mas a "menina da Foz" terminou em 2h23m29s. Um tempo que jamais melhorou, apesar de, depois, ter sido campeã mundial, olímpica e mais duas vezes europeia. Nem ela, nem uma legião de portuguesas que se destacaram internacionalmente e que sonharam com o feito, como Jessica Augusto - já ficou a 56 segundos -, Sara Moreira, Marisa Barros, Dulce Félix, Manuela Machado, Aurora Cunha e Fernanda Ribeiro. Um lote a que se pode, agora, somar Salomé Rocha, que no mês passado, em Berlim, correu em 2h25m27s, a segunda melhor marca europeia do ano.
Já tendo sido superado internacionalmente por 307 vezes, 26 delas só este ano, a longevidade do recorde nacional de Rosa Mota, o único que se aguenta da década de 1980, não tem uma explicação evidente. O fundo português teve sempre corredoras de nível internacional nas últimas três décadas, destacando-se até o exemplo de Manuela Machado, que foi bicampeã europeia e campeã mundial. Entre as várias respostas, a mais consensual passará pelo facto de as atletas - à exceção de Machado - nunca terem sido maratonistas a tempo inteiro, como Rosa. E tentar várias distâncias e especialidades não permite potenciar o talento em 42,195 quilómetros.
Rosa Mota ainda tem recordes mais velhos
Se o mais antigo recorde português de provas olímpicas faz hoje 33 anos, existem dois de corridas que não integram o programa dos Jogos que já chegaram aos 35 anos. Pertencem ambos, também, a Rosa Mota, e foram alcançados numa tentativa falhada de bater o recorde mundial da hora, realizada no Estádio de Alvalade, a 14 de maio de 1983. A atleta do CAP fez 18,027 km na hora e 1h06m55,6s aos 20 quilómetros, em pista. As duas marcas ainda são máximos portugueses e o segundo também europeu.
Os notáveis máximos nos 100 masculinos
Sarsfield Rodrigues e José Prata de Lima corriam por clubes do Porto, respetivamente Sport e Académico, e fizeram ambos 10,6 segundos aos 100 metros, em 1932 e 1933, no extinto Estádio do Lima, marcas medidas manualmente. Esses tempos seriam batidos por outro atleta da região, o gaiense, José Rocha, em Vigo, no ano de 1964, com 10,5s. O atual recorde é de 9,86s, é também máximo europeu, e foi fixado por Francis Obikwelu quando foi prata nos Jogos de Atenas"2004.
Só Paula Radcliffe resiste às africanas
Em 2003, a britânica Paula Radcliffe correu a Maratona de Londres em 2h15m25s, marca que ainda se mantém como recorde mundial da distância, pois nenhuma das muitas africanas conseguiu sequer baixar dos 2h17. Aliás, só 31 mulheres correram abaixo dos 2h20 - e 23 delas são etíopes e quenianas!