"Estávamos dispostos a abdicar de pelo menos um mês de salário, mas o clube mandou-nos para o lay off"
Orlando Sá surpreendido com a medida tomada pelo Standard Liège, onde também atua Jorge Teixeira
Corpo do artigo
O futebolista internacional português Orlando Sá, um dos jogadores que o Standard Liège quer colocar em "lay-off", disse à agência Lusa ter ficado surpreendido com a medida, quando existia vontade de dialogar.
"Entendo a situação [devido à pandemia da covid-19 e paragem da competição], como a maior parte dos meus colegas, porque estaríamos dispostos a abdicar de pelo menos um mês de salário, mas o clube optou por nos mandar para "lay-off". Isso surpreendeu toda a gente, de forma negativa", explicou o avançado português.
Orlando Sá, que tem contrato com o clube belga até 2021, não considera que seja justa a medida "unilateral" imposta pelo Standard Liège aos jogadores que não aceitaram a proposta, que era de mais de 90% de corte salarial, por tempo indeterminado.
Hoje, o jornal belga Le Soir dá conta da situação, explicando que os vários jogadores que chegaram a um acordo terão os salários reduzidos a 3.250 euros brutos, e os que não aceitaram, entre os quais o português, um teto máximo de 2.350 brutos em "lay-off".
"É injusto. O Standard foi demasiado longe. O sistema não pode ser usado desta forma. Ou é para todos, para os treinadores, e não apenas para alguns jogadores, como um "castigo" por terem recusado a proposta", disse à agência belga Marc Leroy, do Sindicato de Jogadores.
A proposta do clube, treinado por Michel Preud"homme, que também tem cargo na direção, foi a de baixar salários dos jogadores para um teto máximo de 3.250 euros, com o remanescente destinado à Fundação do clube.
Segundo o Le Soir, o Standard defende que a verba em sobra dos salários terá como destino a Fundação do clube, para a compra de material para os hospitais de Liège, no combate à pandemia do novo coronavírus.
Com duas medidas diferentes para os jogadores, o Sindicato belga já disse que se for preciso contacta o ministro competente, considerando que os jogadores estão a ser alvos de chantagem: "nunca pensei que isto pudesse acontecer", disse o dirigente sindical ao Le Soir.
À Lusa, Orlando Sá falou na injustiça da situação, pelo facto de os jogadores terem até proposto ao clube não serem pagos em abril, e comparou com a situação de outros emblemas da "Pro League".
"Estávamos dispostos a abdicar de pelo menos um mês de salário, seria o mês de abril, tal como o Anderlecht fez e outros clubes fizeram, mas que o nosso clube rejeitou, queriam que nós abdicássemos de mais dinheiro por tempo indeterminado", reiterou o avançado.