Mauro Jerónimo é um treinador português, atualmente no comando técnico do PVF-CAND, do Vietname, e conseguiu fazer história ao conseguir chegar às meias-finais da Taça depois de ter eliminado dois favoritos, feito que não acontecia há 18 anos com uma equipa da II Liga.
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A paixão de Mauro Jerónimo pelo futebol nasceu, tal como em muito casos, graças à família. Filho de um treinador, o bichinho do futebol esteve presente desde o berço e foi cedo que o agora treinador do PVF-CAND, no Vietname, começou nos relvados. Iniciou a carreira de jogador aos dez anos, no Santa Clara - Mauro é natural de São Miguel - e chegou a jogar no Vitória de Setúbal. Até que uma lesão grave no joelho, sofrida num jogo treino da pré-temporada, aos 21 anos, deitou tudo a perder. Mauro submeteu-se a duas cirurgias e acabou por desistir da carreira de atleta por não se sentir a 100%. "Não foi nada fácil tomar essa decisão. No final de contas, não deixa de ser o fim de um sonho. No início foi um grande sofrimento", recordou a O JOGO.
Perdida a carreira de jogador, foi altura de recorrer a um plano B. Mauro decidiu entrar para a Universidade de Setúbal para estudar desporto e a carreira de treinador, que até então nunca lhe tinha passado pela cabeça, começou a ganhar força. E tudo graças a uma experiência na equipa sub-19 sadina "Fui forçado a tentar averiguar o que queria fazer depois de ser obrigado a deixar de jogar. Durante os meus tempos de universidade comecei a trabalhar no Vitória, nos sub-19, como treinador adjunto e foi assim que comecei. Hoje, sinto-me realizado, faço o que mais gosto. Tenho paixão pelo jogo em si, posso ajudar um jogador a evoluir e a melhorar e há uma grande competição. Sempre fui uma pessoa muito competitiva", acrescentou.
Seguiram-se trabalhos na China, no Fujian Chaoyue, onde conheceu o treinador francês Philippe Troussier, atualmente selecionador nacional do Vietname, que ficou vários dias a ver o trabalho dos jogadores e do treinador português: "Trocámos o contacto, ele gostou da minha forma de trabalhar e, mais tarde, quando ele veio para o Vietname, perguntou se queria integrar um projeto na maior academia do sudeste da Ásia com o intuito de ajudar a desenvolver jogadores até aos 19/20 anos para as seleções nacionais do Vietname. Trabalhei com os sub-19, fomos campeões nacionais dois anos consecutivos e recebi o convite para treinar a equipa principal do PVF-CAND, onde estou a cumprir a segunda época".
Uma vez no Vietname, as diferenças foram muitas - "os jogadores dormem de segunda a sexta-feira na academia, se não dormirem acham que estão a falhar!" - mas nem isso impediu o técnico português de fazer história. A lutar pela subida à Liga principal, a equipa de Mauro Jerónimo conseguiu chegar às meias-finais da Taça do Vietname. Um feito a ter em conta, uma vez que há 18 anos que uma equipa da II Liga não chegava tão longe na luta pelo troféu. "Na verdade só soube disse depois da qualificação", disse bem-humorado, sem esconder o orgulho.
"Somos a equipa mais jovem do futebol profissional no Vietname, com uma média de 21/22 anos, e conseguimos eliminar duas equipas da primeira Liga a jogar fora de casa. Amanhã, vamos volta a jogar fora com uma equipa que está no top-4 [Thanh Hóa] desde o início da temporada. No último jogo, ganhámos nas grandes penalidades depois de termos empatado 1-1. Acredito que podemos ganhar a Taça e, neste momento, não temos nada a perder. Até porque se ganharmos amanhã, ótimo. Se não ganharmos, já ninguém nos tira o mérito", reforçou.
Caso haja um triunfo novamente por grandes penalidades, há uma certeza: Mauro vai fazer questão de ver os remates da marca dos onze metros. "Há muitos treinadores que não gostam de ver, por nervosismo, mas eu gosto. É um momento único e bonito. A minha única superstição enquanto treinador é nunca ver o aquecimento da equipa. Prefiro estar concentrado no meu gabinete, estar tranquilo no meu trabalho e comigo para depois, quando começar o jogo estar a emocionalmente bem".
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