Megareunião para decidir o futuro: as hipóteses e o sacrifício do Euro'2020
Federações europeias vão decretar hoje que a prioridade é a proteção aos campeonatos nacionais.
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Os membros da UEFA devem decidir o adiamento do Campeonato da Europa de 2020, numa megareunião por videoconferência. O objetivo é limpar o calendário para a conclusão das competições nacionais e internacionais de clubes.
Ao contrário do que foi noticiado ontem, em Espanha, a confederação europeia não pretende ingerir-se nas decisões internas de cada país, nem se acha com legitimidade para decidir os campeões. Em geral, os associados entendem que deve ser cada liga nacional a traçar os cenários alternativos, consoante o futebol regresse em finais de abril, meados ou finais de maio, as datas aventadas (por agora) como prováveis para um regresso à normalidade possível.
Na reunião marcada para esta manhã vão participar as 55 federações da UEFA, mais a FifPro (Sindicato Mundial dos Jogadores), a ECA (Associação Europeia de Clubes) e a European Leagues (a confederação das ligas) e aí se verão as diferentes sensibilidades em cada país. Presumivelmente ao princípio da tarde, o presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, vai divulgar as decisões ao público.
Datas: está a ser considerada seriamente a hipótese de se jogar até 12 de julho, dia da final do Euro
Praticamente em toda a Europa há o problema de acabar as competições nacionais. Tem havido conversas preparatórias e se o Europeu for adiado, possivelmente para 2021 (a data não será decidida hoje), a UEFA entende que as ligas nacionais terão um prazo que pode ir até 12 de julho (dia em que terminaria o Europeu) para conseguirem de alguma forma chegar ao termo das suas competições. Cada uma deve ter o seu plano A e B para isso - ao contrário do que ontem foi posto a correr, a UEFA não se sente com legitimidade para indicar nada às ligas sobre o final das suas competições. Até porque há diferentes regulamentos nos vários países - em Itália, Gabriele Gravina, presidente da Federação, admitia que o campeonato se pudesse mesmo alargar por duas épocas.
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Para a UEFA, nas competições profissionais, depois de 15 dias de isolamento, é possível ter a certeza sobre infeções de jogadores e staffs. Depois é possível os clubes fecharem os jogadores num hotel ou nas suas academias e jogarem à porta fechada, caso a situação geral continue sem dar garantias de segurança. Tendo de haver jogos em julho, o problema é que os contratos dos jogadores acabam a 30 de junho, mas a UEFA pensa que há a possibilidade de conseguir acordos com seguradoras e com os jogadores para poder estendê-los pelas duas semanas necessárias.
Quanto ao Campeonato da Europa, a ideia estabelecida é adiá-lo, mesmo sem ter certezas de como vão reagir patrocinadores, cidades-sede, adeptos (três milhões de bilhetes à venda...). A UEFA tem dinheiro para esse embate, embora se fale na necessidade de pedir às ligas nacionais que paguem um pouco do prejuízo que isso supõe para os cofres europeus. No imediato, serão os cofres das Federações cujas seleções estavam apuradas para o Euro a sentir o custo da epidemia, mas também aí a perceção é que será mais fácil um entendimento entre elas e os Governos do que seria entre os Governos e os clubes, no caso de um eventual auxílio do Estado.
Quanto à Champions e à Europa League, vão continuar suspensas, à espera do despertar dos clubes, mas a UEFA pretende que vão até ao fim até porque isso permitirá que os contratos sejam mais ou menos respeitados. Há vários cenários, desde eliminatórias a uma só mão até uma final a oito ou final a quatro nos estádios previstos para as finais - Istambul (Liga dos Campeões) e Danzig (Liga Europa). É provável que a UEFA revele as diferentes possibilidades para incentivar as ligas nacionais a traçarem planos de contingência semelhantes.
Em todo o caso, mesmo antes da reunião, o sinal que sai de Genebra é do que a notícia da morte dos campeonatos 2019/20 está a ser muito exagerada.