"Foi uma carga emocional muito grande. A final em Wembley foi inesquecível"
Pedro Ribeiro é adjunto do Sunderland, equipa que regressou à Premier League oito anos depois. O técnico explica a razão pela qual aceitou este desafio
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O Sunderland regressou à Premier League oito anos depois e com contributo português. Pedro Ribeiro, 39 anos, é adjunto de Régis Le Bris nos “Black Cats” e explica a razão pela qual aceitou este desafio, após ter sido treinador principal de Gil Vicente, B SAD, Penafiel, Académico de Viseu e Leixões.
Por que razão voltou a aceitar um projeto como adjunto?
—Como treinador, temos de perceber para onde o futebol nos leva e que tipo de oportunidades surgem. Surgiu esta como adjunto, através de uma simbiose de ideias entre pessoas que me abordaram, nomeadamente o treinador principal Régis Le Bris e o diretor desportivo Kristjaan Speakman. Fizeram-me ver que este caminho podia ser interessante.
O clube subiu à Premier League. Era o objetivo?
—Era um sonho. Se bem que uma equipa como o Sunderland, tem de almejar terminar a época nos patamares mais altos. Portanto, não era uma obrigação, porque havia clubes com outros orçamentos e responsabilidades. No entanto, dentro de campo, conseguimos perceber quem realmente mereceu a subida.
A subida foi conseguida no play-off. Como é se preparou essa fase decisiva?
—Foi preparado com alguma antecedência, porque, a certa altura, percebemos que a promoção direta seria muito difícil, mas, ao mesmo tempo, notámos que íamos terminar na zona de play-off. Isso permitiu-nos fazer uma gestão da equipa e transmitir a mensagem de que todos os jogadores seriam importantes. Foi possível recuperar elementos que estavam lesionados e outros com défice físico. Assim, chegámos à meia-final com o Coventry e à final com o Sheffield United na máxima força.
Que emoções sentiu nos jogos que levaram o Sunderland à Premier League?
—São momentos que não são muito frequentes, então o golo do Ballard na meia-final contra o Coventry, que nos levou a disputar a final em Wembley, acontece no último momento do jogo. Foi uma carga emocional muito grande, acho que todos estávamos dentro do Ballard naquele momento. Depois, a final em Wembley foi inesquecível.
Como é que a cidade de Sunderland viveu o sucesso do clube?
—A cidade vive o clube de forma intensa e sentimos isso a jogar em casa e fora. Por exemplo, nos jogos fora, se houver 10 mil lugares para a equipa visitante, eles preenchem esses lugares. Agora, acredito que têm noção que o Sunderland terá um desafio diferente pela frente na próxima época.
As últimas seis equipas que subiram do Championship desceram no ano seguinte. Isso serve de aviso?
—Estamos cientes da competição que vamos disputar e do que tem acontecido. Claro que isso serve de alerta para traçarmos o caminho correto a percorrer, de modo que tal não aconteça ao Sunderland.
Um dos jogadores que tem no plantel é Jobe Bellingham. Considera que pode atingir o nível do irmão que joga no Real Madrid?
—Com 19 anos, nota-se um enorme potencial, e já tem mais de 100 jogos no Championship. É um profissional de alto nível e faz tudo o que pode para ser melhor jogador diariamente. Acredito que pode atingir patamares altíssimos no futebol europeu e mundial.
"Vítor Pereira é um irmão para a vida"
Pedro Ribeiro colaborou durante sete anos com as equipas técnicas de Vítor Pereira, atual treinador do Wolverhampton. Na próxima época, os dois serão adversários na Premier League. “Foi das pessoas mais importantes da minha carreira e um irmão que levo para a vida. Mantemos contacto regular e eu torço por ele, tal como ele torce por mim. Vai ser engraçado jogar contra ele e, claro, nessa situação não vamos torcer um pelo outro. É um treinador de topo e fez um percurso fantástico no Wolverhampton. Merece todo o destaque que está a ter no campeonato inglês”, elogia o treinador-adjunto do Sunderland.