O prestigiado El País fez o diagnóstico possível das medidas que os clubes adotam para ultrapassar a crise e não falirem, citando casos internacionais e locais. Não há uma solução que agrade, há improvisação, desenrascanço, despedimentos, suspensão de ordenados, dúvidas nas alterações das leis no que diz respeito a baixas, impostos e apoios estatais
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O governo espanhol levantou a possibilidade de os clubes recorrerem ao programa dos ERTE (Expediente de Regulação Temporal de Emprego, mediante o qual os trabalhadores recebem 70% do ordenado através da segurança social) para manterem as suas contas saudáveis, dada a elevada despesa com ordenados de atletas que se torna insustentável para muitos sem competição e como tal sem rendimentos de várias áreas, e o jornal El País fez um raio-x de como estão a sobreviver os clubes espanhois, citando casos internacionais de emblemas que estão a ser muito afetados pela crise, como o Lyon. A conclusão é que não há um manual de sobrevivência para uma situação deste tipo, sem precedentes e para qual ninguém estava preparado, e que as medidas adotadas, em cima do joelho, são de vários tipos.
Os emblemas com as finanças mais frágeis são naturalmente os que mais sofrem, e não tanto os da dimensão de um Real Madrid ou Barcelona. O Las Palmas foi o primeiro emblema a solicitar o ERTE, mas apenas para o seu pessoal administrativo. Noutras modalidades, fizeram o mesmo o Ademar León (andebol), o Mann Filter e o Peñas Huesca (básquete), entre outros.
O Lyon (França), presente na Liga dos Campeões, suspendeu temporariamente o trabalho e os vencimentos do seu plantel e o Sion (Suíça) inclusivamente avançou com despedimento de atletas perante a ameaça de bancarrota: enviaram uma carta aos jogadores, para resposta imediata, para redução salarial drástica ou então... o citado despedimento. Nenhum jogador respondeu à proposta e dessa forma, segundo o jornal Bricke, o Sion ficou sem plantel alegando "motivos de força maior" como fundamentação jurídica. A associação de jogadores da Suíça já emitiu um comunicado a contestar "despedimentos abusivos" e a solicitar a "revogação imediata" dos mesmos.
E se o Las Palmas aderiu ao ERTE para os seus funcionários administrativos, os jogadores deram o exemplo e reduziram salários como compensação para estes funcionários; na Alemanha os jogadores do Borussia Moenchengladbach adotaram medida semelhante.
Em Espanha prevê-se uma escalada nos pedidos de ERTE, sobretudo nas modalidades menos rentáveis que o futebol que não conseguem suportar os custos sem a entrada de receitas. O voleibol, por exemplo, foi o primeiro a decretar o fim da temporada e não a mera suspensão, deixando em apuros as suas equipas e muitas incertezas sobre, por exemplo, campeão e subida ou descida de divisão. Neste caso a rapidez na tomada de decisão deveu-se ao facto de muitos jogadores da liga serem estrangeiros, o que lhes possibilitaria retornarem aos seus países com a situação resolvida.
Em Portugal, as medidas de apoios financeiros do governo estão ainda a começar a ser implementadas e em breve se conhecerá o destino dos clubes, sobretudo dos mais frágeis financeiramente.