Leandro Castán lembrou a forma como a sua vida foi virada do avesso com o diagnóstico de um tumor cerebral, em 2014
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Leandro Castán, antigo central brasileiro que esteve vinculado à Roma entre 2012 e 2018, recordou esta semana a forma como a sua vida foi virada do avesso com o diagnóstico de um tumor cerebral, em setembro de 2014.
Em entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera”, o antigo defesa de 38 anos, internacional brasileiro em duas ocasiões, começou por recordar os sintomas, num jogo contra o Empoli, que o levaram a fazer uma ressonância magnética (MRI) no hospital e revelou que, após a descoberta do tumor, a Roma hesitou em contar-lhe, acabando por saber da doença através das redes sociais.
“Naqueles 15 minutos, a minha carreira acabou. Uma parte de mim morreu. Durante o aquecimento, senti uma dor na coxa. No fim da primeira parte, Maicon avisou Rudi García [treinador]: ‘Castán não está bem’. Fui substituído e deixei o campo para sempre. Quando cheguei a casa, comecei a sentir-me mal. Na manhã seguinte, as coisas pioraram. Sentia-me tonto, pensava que ia morrer. Depois de uma MRI [no hospital], mandaram-me para casa. O doutor do clube estava preocupado, mas não me dizia o que tinha de errado. Nunca pensei que experienciaria algo assim. Os primeiros 15 dias foram terríveis. Não me conseguia levantar, vomitava imenso, perdi 20 quilos, estava perdido. Num primeiro momento, a Roma decidiu esconder tudo. Eu decidi isolar-me e sair das redes sociais, mas um dia olhei para o telemóvel...”, começou por contar, citando o título da notícia que encontrou.
“’Leandro Castán tem um tumor’. O medo apoderou-se de mim. Eu continuava sem saber o que tinha de errado, ninguém me dizia nada. Nem o clube nem os médicos, ninguém. Repetiam para que eu me mantivesse calmo, mas depois lembrei-me de que o meu avô morreu de cancro no cérebro. Pensei que o meu destino seria o mesmo”, assumiu.
O antigo central do Corinthians, que até esse momento era um habitual titular da Roma e procurava ganhar o seu primeiro título da Serie A, para além de se afirmar na seleção do Brasil, acabou por nunca conseguir regressar ao seu melhor nível devido à doença oncológica, somando empréstimos na Sampdória, Torino e Cagliari antes de deixar Itália e regressar ao Brasil, representando o Vasco da Gama antes de terminar a carreira no Guarani, em 2022.
Sobre a sua recuperação, Castán explicou que teve de “voltar a aprender a viver” após ser operado, contando os dois motivos que o fizeram atravessar esse arriscado procedimento médico de remoção do tumor.
“[Os médicos disseram-lhe]: ‘Se receberes um golpe durante um jogo, podes ter uma hemorragia cerebral e morrer. Ou paras [de jogar futebol] ou tens de ser operado. Eles tinham de me abrir a cabeça, era uma operação muito perigosa. Eu não a queria fazer, mas lembro-me que naquele dia, quando cheguei a casa, a minha mulher disse-me que iria voltar a ser pai. Foi um sinal de Deus. Ao ver um jogo da Roma pela televisão, deu-se um clique. Eu não queria parar [de jogar]. Uma semana depois,, estava na sala de operações. A minha única preocupação era ficar vivo para não deixar a minha mulher e os meus filhos sozinhos. No dia anterior à cirurgia, fui treinar a Trigoria. Toda a gente achou que eu era maluco, mas precisava disso”, apontou.
De resto, Leandro Castán deixou uma palavra de agradecimento por todo o apoio que recebeu por parte da Roma na altura mais difícil da sua vida: “Obrigado à Roma e a Itália. Se tivesse estado no Brasil, não sei o que teria acontecido. Ofereceram-me o melhor cuidado, pagaram-me os salários e renovaram o meu contrato mesmo sem jogar. E todas as mensagens que recebi de toda a Itália: Baresi, Allegri, Del Piero, Bonucci... eles fizeram-me sentir perto e deram-me força. E obrigado aos colegas de equipa que estiveram lá para mim. Por exemplo, Emerson Palmieri, De Rossi, Maicon, Alisson, Radja [Naingollan], Benatia, só para dizer alguns”, concluiu.