A MULHER DA SEMANA - Rosana Paz: árbitra escaldada da estupidez não tem medo
Durante um jogo, a árbitra argentina foi atacada nas costas com água a ferver, mas não se mostrou intimidada
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Da Argentina chegou-nos o milésimo exemplo de violência no desporto, meio utilizado por muitos para descarregar as frustração pessoais. Mas a resposta também não poderia ter sido melhor.
Rosana Paz, árbitra auxiliar, foi atacada nas costas com água a ferver, atirada pelos adeptos do Marquesado, que na altura, a dois minutos do fim, até vencia o San Martín, num encontro da sexta divisão argentina. Mas, qual heresia, Rosana assinalou um fora-de-jogo à formação da casa e a resposta levou o árbitro principal a querer acabar com o jogo. No entanto, a mulher de 46 anos pediu apenas que lhe deitassem água fria para atenuar as queimaduras e fez questão de levar o jogo até ao fim. Mais do que isso, afirmou que só pensava em voltar rapidamente aos relvados.
"Seja um homem ou uma mulher a serem atacados, este tipo de coisa não pode acontecer. Não vou desistir. Vou continuar. É difícil ser uma mulher no futebol, mas não vou ceder. Espero que seja escolhida para arbitrar já neste fim-de-semana", frisou Rosana Paz, que foi transportada ao hospital depois da partida. As queimaduras foram consideradas graves.
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Se estamos a falar de escalões inferiores e se Rosana, assistente administrativa de 46 anos que trabalha oito horas por dia, foi gravemente atacada, não será de pensar se vale mesmo a pena continuar? Os dois filhos da árbitra nem gostam de assistir aos jogos da mãe por causa dos insultos que lhe são dirigidos, desde insultos que os homens também ouvem, às frases que só entram pelos ouvidos das mulheres.
"Apaixona-me entrar em campo e desempenhar a tarefa para a qual me preparei durante tanto tempo. Dizem-me 'que faz uma mulher loira no meio de tantos homens' e convidam-me para sair, mas quando estou no jogo concentro-me ao máximo. O mais fácil para mim seria fugir perante tantas barbaridades, mas faço-lhes frente. Estou segura de mim, do meu trabalho e de que as coisas no futuro podem ser melhores para os meus filhos."
O que a árbitra decide, está decidido.