A barba de Nuno Espírito Santo anda por toda a cidade: "Ele é mesmo um herói"
<em><strong>REPORTAGEM, PARTE II -</strong></em> Imagem de marca de um treinador que é tão ou mais idolatrado do que os jogadores, como provam os pósteres ou os cachecóis com a sua cara que os adeptos transportam
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Nuno Espírito Santo é o principal rosto deste projeto desenvolvido desde 2016 pelos chineses da Fosun, empresa que há muito opera também em Portugal e que tem trabalhado em parceria com o empresário Jorge Mendes.
Os resultados têm sido os melhores e, como tal, a imagem do treinador está cada vez mais consolidada entre os adeptos. Ou mais do que isso.
Em Wolverhampton, cidade de 250 mil habitantes que fica situada bem ao centro de Inglaterra, Nuno é um ídolo. A sua longa barba parece ter poder magnético e é já um símbolo iconográfico dos lobos. Desde os cachecóis aos pósteres, a imagem da face de Nuno está por todo o lado. "Os adeptos adoram-no. Pelo que sei, nunca tinha havido no clube uma ligação tão forte entre os adeptos e um treinador. Há pósteres dele por toda a cidade. Aqui em Wolverhampton, ele é mesmo um herói", explica Joe Edwards, jornalista que faz a cobertura dos lobos para o "Express and Star", um dos principais jornais da região. "O Nuno revolucionou este emblema, sem dúvida. Tem tido um trajeto excelente e toda a gente está entusiasmada para ver como continuará a progredir", acrescenta Edwards.
E Steve Plant até vai mais longe. Lembra que, antes dele, nunca tinha ocorrido semelhante fenómeno com um treinador. "Os adeptos dos Wolves sempre idolatraram jogadores, mas nunca um treinador. Até agora... Toda a gente adora o Nuno e ele já está ao nível do maior treinador de todos os tempos no clube: Stan Cullis. E eu dizer isto é um elogio e peras", afirma Plant.
Paul Berry, por sua vez, destaca o "profissionalismo" de um homem que tem tido grande impacto "pela forma como prepara a equipa", mas também "pela valorização" que tem feito dos ativos do plantel, nomeadamente de muitos dos jogadores mais antigos no clube, "como Coady ou Doherty". E Berry conclui em relação a ele: "Tem conseguido manter toda a gente unida, sempre com muito sucesso, com jogadores talentosos, ambiciosos e profissionais, não apenas na maneira como jogam, mas também como vivem as suas vidas."
Os melhores em 50 anos
Em 1954, quando ainda nem havia provas europeias de clubes, o Wolverhampton, pela voz do treinador Stan Cullis, chegou a autoproclamar-se campeão do mundo, depois de ter vencido o Honved por 3-2 num particular que na altura deu brado.
Campeões ingleses, os lobos convidaram o Honved porque lá jogavam seis internacionais (como Puskas, Kocsis e Csibor) que, pela Hungria, tinham goleado a Alemanha e a Inglaterra. Era considerada a melhor equipa do planeta, só que neste jogo perdeu 3-2, o que valeu aos ingleses a tal denominação de campeões do mundo. O que na altura gerou grande discussão... que culminaria na ideia de ter início uma prova europeia de clubes, o que depois viria mesmo a ocorrer em 1955/56.
O historiador Steve Plant defende que desde essa altura não havia um Wolves tão bom: "A nossa história é como uma montanha russa, cheia de subidas e descidas. Mas esta equipa é a melhor que nos últimos 50 anos pisou o Molineux. Nos anos 50 os Wolves chegaram a ser campeões do mundo e sempre foram conhecidos como uma equipa de ataque. E é assim que, nos anos vindouros, os portugueses serão lembrados."
Veja a primeira parte da reportagem:
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