De acordo com relatos de jogadores e investigação jornalística, o "snus" é popular sobretudo entre os futebolistas mais jovens por estimular a mente e o corpo. Autoridades britânicas estão atentas
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Nos últimos dias de março, a Imprensa inglesa recuperou uma polémica nascida durante o Euro"2016 mas agora bastante amplificada. Na altura, Jamie Vardy foi fotografado com uma lata de "snus" antes de um treino da seleção inglesa, substância que numa autobiografia lançada nesse ano admitiria usar como relaxante, em vez de um esporádico cigarro. A discussão subiu agora de tom porque uma investigação do jornal "Daily Mail" revelou que este tabaco seco, que só é produzido em países nórdicos, está disseminado no futebol inglês. A isto a BBC juntou declarações de Charlie Adam, médio do Stoke City, que em entrevista afirmou tratar-se da "moda" no futebol britânico. "Nunca experimentei", disse o jogador de 32 anos. "Mas vejo os rapazes tomarem-no todos os dias. É a moda do momento no futebol, e não só na Premier League, mas também no Championship, League One, League Two, Escócia", acrescentou.
A comercialização de "snus" é proibida em quase toda a União Europeia, à exceção de Suécia e Noruega, por se suspeitar ser cancerígeno, e terá sido introduzido no futebol britânico por jogadores nórdicos que começaram a chegar sobretudo a partir da década de 1990. O sueco Lindelof, ex-Benfica e agora no Manchester United, por exemplo, já publicou fotos em redes sociais com latas desta substância na mão. Utiliza-se em pequenas saquetas, como as de chá, e coloca-se entre o lábio superior e os dentes durante alguns minutos, fornecendo uma dose de nicotina que quase triplica a de um cigarro normal.
Do ponto de vista desportivo não é ilegal mas consta da lista de produtos sob vigilância da Agência Mundial Antidopagem (WADA). Em Inglaterra, há clubes que proíbem os jogadores de utilizar esta espécie de concentrado de nicotina, multando aqueles que são apanhados e outros informam o plantel dos riscos, como fez há dias o Manchester City. "O médico falou disso esta manhã, mas não sei qual é o prazer ou benefícios disso, até porque estava a preparar a sessão de treino quando o médico falou com eles", disse na sexta-feira Guardiola, técnico dos citizens.
Considerado um estimulante tanto para a mente como para o físico, a sua utilização já foi alvo de alertas por parte da federação inglesa.
Saúde dos jogadores preocupa Evangelista
O sindicato de jogadores profissionais de Inglaterra, o PFA, está a seguir este caso do "snus" para saber se será necessário "informar os membros de potenciais riscos da utilização desta substância", como referiu o responsável John Bramhall à Imprensa. Já Joaquim Evangelista, presidente do sindicato português, quando contactado por O JOGO, preferiu não se alongar em comentários, mas admitiu que a sua principal preocupação "é com a saúde dos jogadores". "Vamos acompanhar e contactar o FIFPro e o PFA", acrescentou, em referência às organizações sindicais internacional e inglesa.