V. Guimarães reage aos incidentes na bancada durante jogo com o Puskás Akadémia
"É intolerável a reincidência de cenas de violência das forças policiais contra os adeptos do Vitória durante os jogos que se realizam no Estádio D. Afonso Henriques", disse o presidente da Assembleia Geral do Vitória, Belmiro Pinto dos Santos, citado pelo "Guimarães Digital".
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O presidente da Assembleia Geral do Vitória, Belmiro Pinto dos Santos, reagiu aos incidentes que marcaram o embate com o Puskás Akadémia - da primeira mão da segunda pré-eliminatória da Conference League (3-0) -, ao intervalo. De recordar que a PSP deteve um adepto que está impedido de entrar em recintos.
"É intolerável a reincidência de cenas de violência das forças policiais contra os adeptos do Vitória durante os jogos que se realizam no Estádio D. Afonso Henriques", começou por dizer, citado pelo "Guimarães Digital".
"No fenómeno desportivo, com especial incidência no futebol, os jogadores cometem excessos, os treinadores, os dirigentes e os adeptos, num espaço físico e emocional muito especial, também os cometem. Contudo, as forças policiais não podem deixar de interpretar o fenómeno e adequar as estratégias de segurança às particulares características do local e das pessoas e bens que se pretendem proteger", continuou.
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"No interior do Estádio D. Afonso Henriques temos assistido à intervenção policial num registo intimidatório que não é idóneo a evitar o confronto e a violência. Estou farto de assistir, no interior da nossa casa, à fuga de adeptos à bastonada policial, estou farto de ver crianças a chorar temendo pela sua integridade física e dos seus familiares", refere ainda Belmiro Pinto dos Santos, que diz ser "imperioso que os responsáveis pela chefia policial e da Administração Interna revejam e corrijam as estratégias perpetradas no Estádio D. Afonso Henriques, evitando assim uma desgraça que os próprios têm obrigação de evitar", concluiu.
Também a "Associação Vitória Sempre", de adeptos do emblema minhoto, reagiu aos confrontos, em comunicado. Leia na íntegra:
I - O presente comunicado, acima de tudo, está pejado de uma profunda tristeza. Tristeza por ver como os adeptos vitorianos são, recorrentemente, tratados como foras da lei, vândalos, sendo catalogados de modo diverso dos demais adeptos de futebol.
II - Na verdade, o que ontem ocorreu no estádio D. Afonso Henriques foi inadmissível, em nada honrando as forças da ordem de um estado que se diz de direito. Tal merecerá o nosso repúdio, a nossa indignação, mas, simultaneamente, redobrará as nossas forças na luta contra o tratamento persecutório que os adeptos do Vitóri Sport Clube, têm merecido na sua própria casa.
III - Confessamos a nossa estupefação pelo modo estratégico como as forças da ordem se colocaram. Num desafio em que não existiam adeptos adversários, a colocação de um batalhão junto dos vitorianos soou a provocação e premeditação. Infelizmente, os nossos receios confirmaram-se ao intervalo.
IV - Com efeito, de uma situação que deveria ser resolvida com bom-senso e boas palavras, escalou-se para um conflito digno da Faixa de Gaza. Um conflito em que uma parte apontou armas a mulheres e crianças, podendo desencadear uma tragédia. Um conflito em que uma parte bateu de modo indiscriminado, sem olhar a quem, com os bastões em riste. Um conflito em que o ódio contra quem enche a bancada esteve sempre presente.
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V - Lamentamos que os adeptos do Vitória sejam as cobaias, para não dizer sacos de pancada, das forças policiais. Lamentamos que só em Guimarães se assistam a estas cenas. Mas, registamos, também, o temor reverencial com que as mesmas forças da (des)ordem entram e atuam nos estádios de outros clubes, sempre com o receio de criar tumultos. Ao invés, o D. Afonso Henriques parece o parque de diversões de quem quer descarregar as suas frustrações diárias e mostrar serviço às chefias.
VI - À nossa direção, exortamos que não se cale! Que defenda os vitorianos com unhas e dentes. Que peça as reuniões que tiver por convenientes, inclusivamente no Ministério da Administração Interna. Para além de todos os objetivos financeiros e económicos, importará que todos os vitorianos se sintam seguros e protegidos em sua casa. Importará evitar estes tratamentos de violência gratuita e discricionária por quem tem a missão de os proteger.
VII - O próximo jogo europeu em Guimarães será, muito provavelmente, contra os croatas do Hajduk Split. Sendo certo que a claque croata é das mais violentas da Europa e que se farão acompanhar pelo grupo organizado do Benfica, No Name Boys, exortamos, desde já à elaboração de um plano de segurança cuidado. Para que não exista uma tragédia, para que não existam vitorianos agredidos e ofendidos...ou pior, que votem a pagar os justos pelos pecadores!