Nenhum dos treinador ouvidos por O JOGO acredita que Amorim abdique das suas ideias, mas a ausência do capitão e líder é baixa de relevo.
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Um teste covid-19 positivo afasta Coates do dérbi de sexta-feira. Uma baixa de peso para o Sporting, ou não fosse o central uruguaio o capitão, líder do setor mais recuado - joga no centro do trio de centrais - e o jogador mais forte no jogo aéreo, defensiva e ofensivamente.
Não obstante esta ausência de última hora, nenhum dos três treinadores que O JOGO ouviu acredita que Amorim abdique do seu sistema bem consolidado. "O Sporting vai sempre manter uma defesa a três, mas o Coates além de ser o patrão da defesa, é uma referência nas bolas paradas ofensivas. O Sporting perde uma arma muito forte também em relação à sua concretização. Manterá as dinâmicas defensivas, mas falta a liderança no trio", comenta Henrique Calisto.
João Alves admite: "Acho que a ausência do Coates vai ter influência porque é um jogador em quem toda a equipa tem uma confiança muito grande. Essencialmente nesse aspeto. Ainda por cima no eixo central vão faltar dois jogadores que tem sido fundamentais na carreira do Sporting, ele e Palhinha", confiando: "O Sporting vai-se manter fiel ao que tem sido o seu sistema, porque há rotinas adquiridas, não espero nenhuma surpresa. Em função do conhecimento que o Amorim tem dos seus jogadores terá de destinar a posição àquele em que confia mais e com as melhores características para aquele lugar."
Já Manuel Cajuda fala num "rombo grande na estrutura do Sporting" com as ausências de "Palhinha e Coates". Porém, refere que "normalmente os sistemas têm esse condão de se adaptarem às virtudes e defeitos motivados pela presença ou não de um jogador" e recorda que "o Rúben já tem trocado, não tantas vezes o Coates, muitas vezes o Neto, o Gonçalo Inácio e o Feddal. Continua a ter excelentes soluções para o sistema, não me surpreenderá se o trio for Neto, Inácio e Feddal no trio". Mas, a concluir, admite: "Também é verdade dizer que com Coates e Palhinha era mais fácil."
"Futebol não é como os matraquilhos"
No Benfica coloca-se a dúvida se irá jogar em 3x4x3 ou 3x4x1x2. Jorge Jesus pode utilizar uma dessas duas variantes na partida de sexta-feira, porque já fez uso de ambas no decorrer da atual temporada. Mas Manuel Cajuda lembra que os desenhos táticos são tudo menos estáticos. "O futebol não é como o jogo dos matraquilhos, com dois na defesa, cinco no meio-campo e três na frente", afirma, justificando: "Fundamental nos sistemas é a missão de cada jogador. Missão é, para mim, a palavra chave no futebol." Conceito da sua predileção é também o de dinâmica: "O que surpreende não é o desenho, mas sim as movimentações e as dinâmicas. Sou um defensor acérrimo da movimentação sistémica, ou seja, de uma equipa ser capaz de utilizar diferentes sistemas em função de cada momento de jogo."
Rúben Amorim começou a utilizar três centrais mal chegou a Alvalade no final da época 2019/20 e foi campeão com o mesmo, daí que o técnico algarvio considere: "O Sporting está mais rotinado neste sistema, mas a surpresa nas dinâmicas é que pode ser o fator a desequilibrar", explicando depois aquele que, no seu entender, é o principal ponto forte do esquema. "O 3x4x3 é um sistema que causa um menor desgaste nos aspetos fisiológicos, porque é mais fácil esticar e encolher a equipa. Não provoca tanto desgaste. Os espaços são bem ocupados e protege muito mais correndo menos", diz Cajuda, frisando bem que tal não significa que seja o seu preferido. "Eu não disse que não quero que os meus jogadores se desgastem", realçou, assumindo preferir outros formas de jogar mais desgastantes.