Os sistemas de leões e águias prevêm-se semelhantes. Treinadores terão que "inventar" para fazer a diferença.
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O treinador Manuel Cajuda utilizou a covid-19 como metáfora para perspetivar, a O JOGO, o dérbi de sexta-feira entre águias e leões: a Jorge Jesus e Rúben Amorim compete descobrir a vacina para imunizar a sua equipa dos ataques do adversário. "
Como se surpreende o adversário? Sendo bons naquilo que o adversário não imagina que nós podemos ser bons. Senão é como a covid. Descobre-se a vacina...", comentou Cajuda com espontaneidade, referindo-se a uma espécie de jogo do gato e do rato.
Com dois sistemas táticos muito semelhantes, construídos a partir de uma linha de três defesas, será o fator surpresa a poder desempatar. "Vamos ver como os dois treinadores vão conseguir surpreender-se um ao outro", acrescentou.
Uma ideia também desenvolvida por Henrique Calisto. "Neste jogo poderemos ter um encaixe perfeito entre Benfica e Sporting, com duas estruturas idênticas. As dinâmicas é que vão fazer a diferença e a qualidade dos jogadores é que pode desequilibrar. Os dois treinadores vão tentar fazer ligeiras alterações nas dinâmicas dos jogadores do meio-campo e dos avançados", explica um treinador que foi duas vezes campeão no Vietname a jogar num sistema de três centrais, confidenciando depois. "O meu sistema preferido é o 4x3x3, porque, como ponto de partida, desmultiplica-se em muito mais desenhos. É uma estrutura que junta muito os blocos e que pode ser mais criativa", afirma, reconhecendo que o 3x4x3 "dá mais largura ao jogo e profundidade aos laterais".
Quem também utilizou o 3x4x3 foi João Alves, levando com esse sistema o Belenenses ao sexto lugar na liga de 1995/96. O "luvas pretas", aponta, contudo, uma vulnerabilidade "quando os adversários conseguem aproveitar as subidas dos laterais da nossa equipa, desequilibrando depois nesses espaços que ficaram vazios".
Embora os sistemas sejam idênticos, desde a lesão de Lucas Veríssimo, Jesus adaptou o lateral André Almeida para jogar à direita no trio mais recuado. Uma nuance importante. "O André pode dar mais capacidade de saída de bola, essa é a maior diferença", comenta Calisto, ideia partilhada por Alves, reforçando: "Na saída para o ataque permite outra dinâmica de jogo." Cajuda, por sua vez, recorda: "Não me surpreende o André jogar ali, quando estive no Leiria, ele comigo já jogava a central há nove anos. Não é uma grande adaptação. Ter um central que tem noção perfeita do trabalho de um lateral até facilita e ele pode compensar muito bem a subida do lateral."