Mourinho: "A dramática fase da minha carreira é que joguei duas finais europeias"

O próximo treinador do Benfica tinha de ter perfil ganhador, todos sabem o seu currículo. Como vai por o Benfica a ganhar? "Na cabeça de algumas pessoas, tenho dois currículos, um que durou certo período de tempo , e outro que na cabeça de algumas pessoas é uma fase menos feliz da minha carreira. A minha infelicidade é que nos últimos cinco anos joguei duas finais europeias. A dramática fase da minha carreira é que joguei duas finais europeias. Eu não sou importante. Venho para o Benfica em que na minha fase da carreira e eu como pessoa, transformamo-nos para melhor, sou mais altruísta, menos egocêntrico, penso menos em mim e mais no bem que posso fazer aos outros, na alegria que posso dar. Eu não sou importante, o Benfica é importante, os adeptos são importantes, é o coração de qualquer clube, e o Benfica ainda mais de forma especial. Estou aqui para servir e fazer o Benfica ganhar, o ADN do Benfica é ganhar, mas também penso que é perder nos limites, revejo-me muito na cultura, no perfil, no que é verdadeiramente o povo que ama o futebol, o povo que ama o futebol quer ganhar, mas quer sentir-se parte do esforço, da mentalidade, do sacrifício. Nós, que somos privilegiados, treinadores, jogadores, a diversos níveis, mas em 90 minutos representamos toda aquela gente, tenho respeito enorme pela minha profissão e pelos adeptos do meu clube, e neste momento são aqueles que quase me fizeram sentir inconfortável. Ontem era acompanhado por motos com televisão e as pessoas percebiam onde estavam e o benfiquismo saltava à estrada. Para alguém que seguia ali tranquilo, arrepia, faz pele de galinha. Não é que 25 anos de futebol ao mais alto nível me transformaram numa pessoa imune a tudo isto. Para ganhar vou começar por aí, queremos ganhar sempre, não vamos ganhar sempre. Não podemos perder como há dois dias, isso não é o Benfica. O Benfica é quem jogou contra o Fenerbahçe durante 30 minutos, é quem esteve em Istambul em dificuldades com um jogador a menos e conseguiu levar a nau a bom porto e teve um resultado positivo. É o Benfica em que me revejo e cresci, ganha muitas vezes e quando não ganha perde de maneira de que as pessoas dizem "perdemos com eles". Unir-se sob o ponto de vista emocional, tenho jogo daqui a 48 horas, metade dos jogadores em recuperação no segundo dia, amanhã serão 24 horas antes, tenho de meter o meu dedo mas muito ao de leve, não posso radicalizar, meter os dedos todos ao mesmo tempo, tem de ser com calma. Por onde tem de começar-se é pelo nível emocional, entrar em campo que não somos só 11, somos muitos milhões, do ponto de vista tático vou meter o dedinho muito controlado porque não quero desvirtuar uma essência e dizer com todo respeito pelo trabalho do meu antecessor que muita coissa foi bem feita."