Alexander Frei, ex-internacional suíço, explica a O JOGO que o camisola 14 tem lutado pela sobrevivência. Já João Tomás, enaltece a confiança que Rui Vitória tem passado ao atacante
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Uma desmarcação, a passe de Pizzi, permitiu a Seferovic aparecer perante Casillas para resolver o clássico entre Benfica e FC Porto disputado domingo no Estádio da Luz. O momento de inspiração do suíço acabou por ser mais uma resposta do avançado a um início de época em que, com as chegadas de Ferreyra e de Castillo, assim como a permanência de Jonas no plantel encarnado, chegou a ser apontado como estando à porta de saída. Seferovic, afinal, ficou e até é hoje o titular no esquema de Rui Vitória, tendo somado contra os dragões a oitava partida consecutiva no onze inicial das águias, igualando a sua melhor sequência no Benfica, conseguida em 2017/18.
O homem do momento para os lados da Luz já trazia uma medalha, leia-se um golo decisivo, da partida anterior, em casa do AEK, para a Champions: o camisola 14 assinara o primeiro tento encarnado em Atenas, logo aos seis minutos, numa partida que terminou 3-2 para o Benfica. Domingo, precisou de pouco mais de uma hora para faturar mas, quando o fez, foi o suficiente para soltar a festa das águias frente aos dragões. De "dispensável" a herói, está traçado o caminho que de momento Seferovic trilha, mantendo os colegas e rivais longe da titularidade. A confiança, essa, está em alta para o avançado, algo que o seu compatriota e antigo internacional suíço Alexander Frei frisa durante uma conversa tida com O JOGO no pós-clássico. "Seferovic é um bom avançado, que ninguém duvide disso, marcando ele mais ou menos golos. É verdade que passou por um período mais difícil no Benfica mas fez bem em ter ficado no clube para lutar pelas suas oportunidades. Foi uma boa escolha dele, que tem vindo a provar ser um lutador, um jogador de cabeça forte perante as dificuldades. Com mais este golo [frente ao FC Porto], Seferovic demonstrou a todos que saiu mais forte daquele início de época, no qual não sabia bem se iria ou não permanecer no clube", analisa Alexander Frei, antigo "matador" de clubes como Basileia, Dortmund, Rennes ou Servette. E porque, mesmo aos 39 anos, o ex-atacante ainda sabe bem da "poda", também acentua a O JOGO que a continuidade entre as primeiras escolhas de Rui Vitória é essencial para o crescer da confiança de Seferovic. "Agora, o que ele mais precisa é continuar a jogar, tem de somar 30, 35, 40 jogos por temporada, assim como ir fazendo mais golos, não só nas provas internas como também na Champions. É essencial que consiga pelo menos duas épocas completas a jogar regularmente, até para continuar a ser titular na seleção da Suíça", alerta Alexander Frei.
Um outro avançado, este bem português e que tem seguido a afirmação de Seferovic nesta época na equipa da Luz, é João Tomás, que enaltece a forma de jogar do camisola 14, tenha ele mais ou menos golos. "Uma série de circunstâncias favoreceram nesta época o espaço para Seferovic, nomeadamente os problemas físicos de Jonas, Ferreyra e Castillo. Seferovic ficou e tem aproveitado bem as oportunidades. Claro que este golo que fez num clássico tem sempre um peso maior, mas a verdadeira confiança é aquela dada pela aposta do treinador do atleta. Rui Vitória vê no jogo de Seferovic aspetos relevantes e que são importantes para a equipa, com ou sem golos marcados: é canhoto, alto, muito rápido e trabalha muito pelo conjunto. Aliás, por vezes, até acaba por se prejudicar individualmente em nome do coletivo", analisa João Tomás, que jogou pelo Benfica de 2000 a 2001.
Este foi o primeiro clássico de Seferovic como titular: tinha sido sempre suplente não utilizado contra o Sporting até esta época, na qual alinhou 19" e, perante os dragões, havia só jogado 3", em 2017/18, na Luz. O golo aos portistas permite ao suíço chegar com o moral em alta à seleção, que tem jogos marcados com Bélgica (sexta-feira) e Islândia (segunda-feira), para a Liga das Nações.