A O JOGO, o treinador que mais rendimento extraiu do argentino diz que é uma questão de tempo até o goleador "aparecer"
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Chegou ao Benfica com carimbo de goleador e grande candidato a discutir com Jonas o título de artilheiro dos encarnados, mas, passados dois meses, Facundo Ferreyra permanece na sombra. Uma situação que se justifica, em parte, pelas questões físicas que foram afetando o avançado argentino, mas também porque este ainda vive um período de adaptação a uma equipa e liga novas. Naquele que é o quarto campeonato diferente que experimenta, depois do argentino, inglês (Newcastle) e ucraniano (Shakhtar), o avançado volta a evidenciar as dificuldades que já apresentara nas primeiras épocas dos clubes anteriores, algo que sempre compensou nas seguintes. O caso mais recente foi no emblema de Donetsk, onde coube ao português Paulo Fonseca extrair o máximo rendimento nos últimos dois anos. E é a partir da Ucrânia, em declarações a O JOGO, que o ex-técnico de FC Porto e de Braga, entre outros, segue o ano de estreia do argentino na Luz, apostando tudo que este vai calar os críticos do avançado que ajudou a potenciar.
"Aqui [no Shakhtar], Ferreyra já estava completamente adaptado à equipa e vice-versa, sendo um jogador de grande preponderância. No Benfica ainda terá de fazer a sua adaptação à forma de jogar da nova equipa e não o contrário. Mas não pode haver qualquer dúvida, e eu não tenho, quanto ao valor de um avançado que fez 30 golos no Shakhtar na época passada. Esses números falam por si, com golos não só no campeonato como também na Champions, taças, etc.", explica Paulo Fonseca a O JOGO. É, pois, de adaptação que o camisola 19 mais precisa neste momento, ele que viveu caso igual em terras ucranianas. Assim, em 2013/14 fez apenas 21 jogos e três golos mas, após empréstimo ao Newcastle, voltou à base para andar sempre em crescendo: sete golos em 2015/16, 16 em 2016/17 e 30 na última época. Paulo Fonseca esteve nestes dois momentos e explica que o argentino mostrou ser um campeão da vontade e do esforço. "Ferreyra foi dos melhores profissionais com quem trabalhei, sempre com grande seriedade e humildade, jogando ou não. É um atleta que dá tudo em todas as circunstâncias e sei que, quando lhe voltar a surgir uma oportunidade no Benfica vai corresponder. Mentalmente, é muito forte e no seu pensamento está apenas a ideia de melhorar para ter a sua oportunidade. Nunca baixou os braços. O que pode fazer no Benfica? Muito...", assegura o treinador, que não vê desculpas no sistema de Rui Vitória para Ferreyra falhar nesta experiência em Portugal. "Jogar sozinho na frente não é problema para ele pois está habituado a tal, era o que fazia aqui. A equipa tem de conhecer a sua essência de jogo e, repito, ele também terá de se adaptar à equipa", acrescenta Paulo Fonseca, que tem encontro marcado com Ferreyra: "Tenho o prémio de melhor marcador da liga que ganhou no ano passado para lhe entregar na próxima vez que for a Portugal."