Roger, uma surpresa no Braga: da rua até ao topo em dois anos

Roger não pára de surpreender.

O avançado de 15 anos causou enorme sensação há cerca de um mês, quando foi chamado por Carlos Carvalhal para integrar a pré-época do Braga, a conselho de Hugo Vieira, vice-presidente do clube e responsável pela formação, e anteontem estreou-se na equipa principal ao entrar para os últimos 20 minutos da Supertaça Cândido de Oliveira.

Mais surpreendente ainda, e este era um facto desconhecido, é saber que Roger chegou ao Braga, há cerca de dois anos, vindo diretamente do futebol de rua, no caso das artérias de Bissau, capital da Guiné-Bissau. O primeiro contacto do jogador com o futebol de formação aconteceu apenas na academia arsenalista, o que torna a sua ascensão meteórica ainda mais surpreendente.

O scouting do Braga, após sugestões de pessoas ligadas ao futebol guineense, validou a chegada de Roger ao Minho. O talento evidenciado pelo esquerdino em pequenos torneios e jogos realizados com amigos em Bissau foi o chamariz e o clube arsenalista aceitou recebê-lo há cerca de dois anos para o submeter a um período de testes, os quais passou com distinção. Só que a obtenção do passaporte português, necessário para poder ser utilizado em jogos da formação, foi um processo demorado, tanto assim que Roger apenas começou a jogar nos juniores bracarenses em maio (fez apenas cinco jogos e daí saltou para a pré-época da equipa principal). Aliás, o episódio da obtenção do passaporte português é uma história muitas vezes contada na academia do Braga. Quando Hugo Vieira comunicou ao jogador a chegada do documento, Roger começou a chorar e, desde essa altura, passou a chamar o vice-presidente de pai.

Assegura quem contacta com ele de perto que o avançado tem uma enorme vontade de ser jogador e demonstra uma atitude competitiva invulgar. Prova disso também é o trabalho que faz fora dos treinos, tanto ao nível muscular como de conhecimento do jogo, com visualização de vídeos. E já foi inscrito na Liga.