Jogadores agredidos, pessoas detidas, ameaça de rescisão de contratos... Resumo de um dia tenso no Sporting.
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O Sporting viveu um dos dias mais tensos da sua história recente, quando, durante a tarde, cerca de 50 indivíduos de cara tapada invadiram a Academia de Alcochete e, depois de terem percorrido os relvados, chegaram ao balneário da equipa principal, agredindo vários jogadores, entre os quais Bas Dost, Acuña, Rui Patrício, William Carvalho, Battaglia e Misic, assim como Jorge Jesus e o adjunto Raul José.
Em comunicado, o Sporting confirmou os acontecimentos registado na Academia, atitudes que "configuram a prática de crime e que em nada honram e enobrecem" o nome do clube. Aos poucos, foram surgindo várias fotografias e vídeos sobre os momentos de tensão, tendo Bas Dost, um dos agredidos, surgido com três golpes na cabeça, havendo também imagens com o balneário vandalizado, cheio de fumo e com alarmes a tocar.
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A GNR esteve no local, com as autoridades a procederem, já fora da Academia, à "identificação presencial de indivíduos que presumivelmente estiveram envolvidos" na ocorrência, havendo inclusivamente 15 detidos.
As reações sucederam-se - empresários dos jogadores como Bas Dost e Acuña, Liga de clubes, Federação Portuguesa de Futebol... -, e todas no mesmo sentido: condenar os "atos criminosos" que aconteceram na Academia de Alcochete.
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No momento em que as agressões ocorreram, Bruno de Carvalho não se encontrava em Alcochete, tendo-se deslocada pouco depois para a Academia (chegou às 18h40). No entanto, e segundo O JOGO apurou, os jogadores recusaram-se a falar com o presidente do clube, não pretendem jogar a final da Taça de Portugal e, parte deles, até já entrou em contacto com os seus representantes para perceber qual a moldura legal que pode permitir uma rescisão contratual.
Pedro Rosa, especialista em Direito do Trabalho Desportivo, confirmou a O JOGO que os jogadores do Sporting podem mesmo "avançar para a rescisão por justa causa", uma vez que "é obrigação da entidade empregadora, qualquer que ela seja, garantir os meios e a segurança para a prestação do trabalho em condições salutares".
Perto das 20h30, os jogadores começaram finalmente a deixar a Academia de Alcochete, sendo que já depois das 22h30 haveria mais de metade do plantel que ainda estava no centro de treinos. Por volta dessa mesma hora, Bruno de Carvalho falou à Sporting TV, tendo insistido que as agressões são um caso de polícia. O presidente leonino garantiu ainda que a equipa estará na final da Taça de Portugal, aproveitando a oportunidade para falar dos momentos que passou em Alcochete e para criticar o Governo, especialmente as entidades com responsabilidades na área do desporto.
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Enquanto a Sporting TV transmitia a declaração de Bruno de Carvalho, em Alcochete Jaime Marta Soares, presidente da Mesa da Assembleia Geral, garantia que nenhum jogador pedira para sair do clube, anunciando ainda a realização de uma reunião dos órgãos sociais.
Antes das declarações de Bruno de Carvalho e de Jaime Marta Soares, já centenas de adeptos estavam concentrados em Alvalade, manifestando o repúdio pelo que sucedera durante em Alcochete, em cujo posto de GNR prestaram declarações diversos jogadores do Sporting. Bas Dost, por exemplo, deixou escapar duas frases em direção dos jornalistas: "Tranquilo. Não falar"
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Nota de destaque ainda para a declaração da Holdimo, detentora de cerca de 30 por cento da SAD do Sporting, repudiando as agressões. "Os autores não podem ficar impunes".
Já depois das 23 horas, Jorge Jesus, membros da equipa técnica e jogadores ainda estavam na Academia, deixaram finalmente Alcochete.