"Os jogos deviam ter duas horas"

Numa altura em que o tempo útil dos jogos tem marcado a atualidade desportiva, Lito Vidigal tomou uma posição na derrota frente ao Braga na Taça de Portugal (0-1) e deixou o relvado ao minuto 119, em protesto pelas perdas de tempo. A atitude foi aplaudida por Carlos Cardoso, antigo jogador e treinador dos sadinos, que defende que outros técnicos deveriam sair em defesa do espetáculo.

"O Lito é uma pessoa de carácter e, se abandonou o relvado, é porque sentiu na pele a injustiça. Para se queimar este tempo todo, e na I Liga com o VAR à mistura, os jogos deveriam ter duas horas. Ponham os relógios a trabalhar", disse Carlos Cardoso a O JOGO, que defende que outros treinadores deveriam seguir o exemplo: "Qualquer equipa, quando se sente pressionada, acaba por queimar tempo. Os clubes pequenos não têm ninguém que os defenda. Toda a gente é de Benfica, FC Porto e Sporting, mas eu sou do Vitória e por isso tenho outro ponto de vista."

Após o encontro, Lito Vidigal comentou a saída ao minuto 119, acusando alguma frustração pelas perdas de tempo dos minhotos. "Vim embora, não fui expulso. Senti que não se ia jogar mais, portanto o que ia ficar ali a fazer? Um jogo com oito substituições, expulsões, um Marafona - que é um excelente guarda-redes - de forma sábia a queimar tempo e mesmo assim só jogámos cinco minutos adicionais no prolongamento. Se fosse o Vitória, era antijogo. Como foi o Braga, são sábios", afirmou.

Além de orientar os sadinos, Carlos Cardoso foi jogador do plantel durante 12 épocas, toda a carreira no Bonfim, e reconhece em Lito Vidigal a atitude que caracteriza o clube. "É um treinador à Vitória e um bom treinador, que poderia servir bem qualquer clube", disse e apontando a um final de época feliz: "O Vitória vai ganhar, perder e vai manter-se na I Liga. A equipa é jeitosa, a equipa técnica é boa e temos tudo para ter uma época tranquila, se nos deixarem."