50 anos do 25 de Abril >> O ex-jogador, António Sousa, recorda o dia da Revolução dos Cravos e analisa o que mudou no futebol em Portugal ao cabo de 50 anos de democracia
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Onde estava no 25 de Abril?
No dia 24 de abril de 1974 lembro-me que estava em Lisboa, num treino da seleção de juniores, e que ao fim da noite voltei para São João da Madeira de comboio com os meus colegas, como era habitual. Cheguei a casa por volta das 23 horas, deitei-me e só acordei no dia seguinte, mas sentia que havia algo de estranho. Ouvia-se aquela música do 25 de Abril, o “Grândola, Vila Morena”, e só depois de ter saído à rua é que percebi o que se tinha passado.
Como analisa a evolução da sua modalidade/clube de então para cá?
O 25 de abril trouxe muito maior liberdade a toda a população de uma forma geral e passamos a viver num mundo completamente diferente do que estávamos a viver na altura, embora eu, como era muito jovem, só me tivesse apercebido mais tarde da importância do momento. Notei que no futebol também passou a haver mais abertura e liberdade de movimentos, porque na altura estava a jogar na Sanjoanense e havia o problema de não podermos transitar para outros clubes sem ser através da venda.
"Na altura estava a jogar na Sanjoanense e havia o problema de não podermos transitar para outros clubes sem ser através da venda"
A partir daí, as portas do Beira-Mar abriram-se de imediato, ainda com a devida compensação para a Sanjoanense, mas passou a ser muito mais fácil passar de um lado para o outro. No caso do FC Porto, o clube cresceu ainda mais, foi-se apercebendo que as coisas estavam completamente diferentes e tentou melhorar dentro das suas possibilidades, acabando por conquistar mais títulos do que até aí.