O meu 25 de Abril | "Não havia autorização para aterrarmos no aeroporto de Lisboa"
50 anos do 25 de Abril >> O treinador de futebol e ex-jogador do Sporting, Carlos Pereira, recorda o dia da Revolução dos Cravos e analisa o que mudou no futebol em Portugal ao cabo de 50 anos de democracia
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Onde estava no 25 de Abril?
Estava com os meus colegas de equipa do Sporting em Berlim. Tínhamos jogado no dia 24 de Abril na RDA (República Democrática Alemã) com o Magdeburgo - um jogo em que sofremos uma derrota por 2-1 e fomos eliminados nas meias-finais da Taça das Taças - e soubemos que estava a acontecer a Revolução do 25 de Abril junto ao muro de Berlim. Nós tínhamos um voo para Frankfurt e daí deveríamos seguir viagem para Lisboa.
"Com a Revolução acabámos por ter de ir para Madrid, porque não havia autorização para aterrarmos no aeroporto de Lisboa. Fomos depois de autocarro para Badajoz"
Mas com a Revolução acabámos por ter de ir para Madrid, porque não havia autorização para aterrarmos no aeroporto de Lisboa. Fomos depois de autocarro para Badajoz, onde ficámos alojados à espera de autorização para entrar em Portugal, porque a fronteira estava fechada. Só no dia seguinte é que conseguimos entrar em Portugal, depois de recebermos uma autorização para isso.
Que diferenças encontra no futebol de então para cá?
Recordo que essa época de 1973/74 foi muito positiva para o Sporting, porque fizemos a dobradinha, ganhando o campeonato e a Taça de Portugal. E o Yazalde ainda foi Bota de Ouro europeu. Penso que o futebol nessa altura era mais aberto, não tão mecanizado. Agora é tudo muito compartimentado, hoje joga-se mais para anular os adversários, com menos liberdade individual. O futebol não era tão elaborado em termos táticos e, em minha opinião, era mais espectacular do que na atualidade.