O "menino" que cria raízes: "Pepê só sairá do FC Porto quando surgir algo muito mais vantajoso"
Francesco Barletta foi um dos mentores de Pepê no Grémio e explica que o extremo só descobriu a polivalência no Dragão. Penálti falhado em 2019 deu origem a demonstração de "força mental".
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No último sábado, Pepê marcou o golo da tranquilidade no triunfo (2-0) do FC Porto sobre o Portimonense, a coroar uma exibição de mão cheia, apenas um dia depois de ver confirmada a renovação de contrato, até 2027, que lhe subiu a cláusula de rescisão para 75 milhões de euros. Um sinal de confiança do clube, que, aliado ao grande momento que o extremo atravessa, deixa antever um cenário de casamento duradouro.
Coordenador da formação do Grémio enaltece adaptação do ala e afirma que este só sairá do FC Porto "quando surgir algo muito mais vantajoso"
Francesco Barletta, coordenador da formação do Grémio, onde trabalhou com Pepê, vai de encontro a essa ideia e explica que o camisola 11 aprecia a estabilidade. "Vai fazer uma longa carreira na Europa, como fez, por exemplo, o Lucas Leiva [Liverpool e Lázio], também um ex-Grémio. O Pepê é um menino que cria raízes e vai valorizar-se muito no FC Porto. Com certeza só sairá quando surgir algo muito mais vantajoso, porque valoriza as origens e gosta de se sentir enraizado", afirma o técnico a O JOGO.
Contratado ao emblema de Porto Alegre em junho de 2021, Pepê é hoje uma das grandes figuras do FC Porto. Para Barletta, o sucesso não é, em si, uma surpresa, mas a conversa muda de tom quando se fala no tempo de adaptação.
"Foi, de facto, muito rápido. Já esperava que ele se tornasse numa figura do FC Porto, mas não em tão pouco tempo. Fazer o que ele tem feito num ano e meio é difícil e torna-se interessante perceber quais as chaves desse sucesso. No Grémio só temos de ficar felizes, porque dá valor à nossa formação", afiança, lembrando as notícias do interesse de clubes ingleses no ala.
"Também fomos surpreendidos ao saber que houve interesse de outros grandes clubes já este verão. Tudo com apenas um ano na Europa", frisa o coordenador, que, ao referir-se ao compatriota como "o menino" em várias ocasiões, deixou transparecer o carinho que nutre pelo atacante portista.
Outra novidade para Francesco Barletta foi a capacidade que a antiga coqueluche do Grémio mostrou de se converter num "todo-o-terreno" sob a orientação de Sérgio Conceição.
"O Pepê descobriu a polivalência em Portugal. Aqui, o jogo dele restringia-se à ala esquerda. No máximo, fazia, uma ou outra vez, de segundo avançado, mas era raro. Jogava quase sempre pela esquerda", lembra, antes de perspetivar a continuação do trajeto em sentido ascendente, assente num "respeito e uma grande força mental".
"Em 2019, deu a volta a um momento pesado. Na Copa do Brasil, falhou o penálti decisivo contra o Athletico Paranaense. Falou-se muito, atribuíram-lhe culpas pela eliminação, mas ele deu a volta por cima. Mesmo sendo jovem, com a ajuda do treinador e dos companheiros, mostrou uma enorme força mental. Recuperou de uma forma excelente e agora vemos onde está o Pepê", remata Barletta.
Sinais positivos do passado, que abrem a porta a um futuro cada vez mais risonho, e que Pepê espera começar a escrever já amanhã, no palco da Champions, contra o Bayer Leverkusen.