Entrou promessa, sai capitão: eis o fantástico percurso da estrela que amanhã se despede dos adeptos em Alvalade.
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Estávamos a 11 de agosto de 2017 e a noite era de verão, típica de início de temporada. O Sporting recebia e vencia (1-0) o V. Setúbal, e Jorge Jesus, então comandante do leão, estreava um tal de Bruno Fernandes no José Alvalade.
O Manchester City já reservou Bruno e deverá torná-lo oficial depois da final da Taça.
Quase dois anos depois, os 42 415 adeptos que assistiram a esse duelo da 2.ª jornada do campeonato estariam longe de vislumbrar aquilo em que o médio-ofensivo se tornaria: capitão, melhor marcador da equipa e, por tudo isso, figura de proa na história recente do clube; uma história que amanhã, na receção ao Tondela, conhecerá um capítulo marcante - a despedida diante dos seus.
Ao longo destes 23 meses foram (muitos) mais os dias felizes do que os tristes: Bruno chegou praticamente desconhecido, a troco de oito milhões, mas rapidamente o Sporting percebeu que tinha achado petróleo. Indiscutível no onze verde e branco, soma 56 jogos na primeira época nos quais apontou 16 golos. É considerado o melhor futebolista da liga, a meia Europa à perna transformou-se em Europa e meia, mas... o inesperado interrompeu o clima de romance entre Bruno e o leão.
A invasão da Academia Sporting precipitou nove rescisões, uma delas a do camisola 8: tinha chegado, e tal como justificou na sua carta de despedimento, aos limites pela forma como Bruno de Carvalho estava a gerir as relações no futebol, e no ar até surgiu a hipótese Benfica. Vieira prometeu a Sousa Cintra, administrador de transição, que não se atravessaria no caminho do craque, que acabou por voltar a Alvalade, assumindo que não recebeu um euro extra pelo regresso.
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Os primeiros tempos foram penosos, mesmo sendo um dos capitães de equipa, logo abaixo de Nani: queria mostrar que estava de alma e coração, mas os amarelos - quatro nos primeiros cinco jogos - mostravam que a ânsia ainda se sobrepunha à qualidade. Era tudo uma questão de tempo, pois quando começaram a sair os golos, apareceram com tamanha regularidade que hoje tem 31, o dobro face à época anterior.
Amealhou prémios de jogador do mês - ainda ontem foi nomeado o médio de abril, à frente de João Félix e Pizzi -, reconquistou os céticos e amanhã vai receber a derradeira vénia em Alvalade, uma vez que os dois últimos compromissos do Sporting esta época são no Dragão e no Jamor. O Manchester City, tal como O JOGO avançou em primeira mão, já reservou Bruno e deverá torná-lo oficial depois da final da Taça.
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Com vista para os 50
Ao cabo de duas temporadas à leão, e num total de 107 jogos, Bruno apontou 47 golos. Em 2018/19, já superou a meta dos 30, imposta por si, e se fizer mais três, alcança mesmo a meia centena de leão ao peito. Certo é que o capitão do Sporting redefine quase semanalmente os seus objetivos e agora um passa por tentar, ainda com duas jornadas por disputar, atacar a posição de melhor marcador do campeonato, hoje nas mãos de Seferovic.
Os adeptos podem começar a preparar os cartazes, porque mesmo sem confirmação oficial, é dado adquirido que na próxima temporada Bruno não vestirá de verde e branco. Parece que está quase a acabar, mas ainda há muito por conquistar, já admitiu o médio: na impossibilidade de oferecer o título ao Sporting, quer pelo menos devolver-lhe a Taça.
DE LEÃO AO PEITO
2017/18 - 56 jogos, 16 golos
2018719* - 50 jogos, 31 golos
Total* - 106 jogos, 57 golos
* Faltam duas jornadas e a final da Taça
na impossibilidade de oferecer o título ao Sporting, quer pelo menos devolver-lhe a Taça.
Estreia a marcar em casa
A 27 de agosto de 2017, Bruno marca o seu primeiro golo no Estádio José Alvalade: o adversário era o Estoril, o jogo contava para a quarta jornada do campeonato e o médio usou um livre a 30 metros da baliza para mostrar os seus dotes. Disparou sem hipóteses para Moreira, fazendo, na altura, o segundo golo dos leões. A estreia absoluta a marcar tinha acontecido em Guimarães.
Regresso após a zanga
Foi contra o V. Setúbal o primeiro embate de Bruno Fernandes em Alvalade depois de ter rescindido - e assinado novo - contrato com o Sporting. Na altura, pairava no ar algum ceticismo sobre quem tinha saído após a crise e voltado com o afastamento de Bruno de Carvalho. O jovem futebolista não se fez rogado e, apesar de algum nervosismo inicial (quatro amarelos nos cinco primeiros jogos), acabou por acelerar... a fundo.
Pontapé mais especial
A 3 de abril, na segunda mão das "meias" da Taça de Portugal, Bruno puxou a culatra atrás e de esquerda bateu Svilar, dando o triunfo (1-0) ao Sporting e atirando o leão para a final da prova-rainha. Mais tarde, confessou que esse foi o golo mais especial que apontou pelos verdes e brancos, não por ser contra o velho rival - apesar de a carga emocional estar lá - mas pela hipótese de poder reescrever a história no Jamor.