Em entrevista ao Expresso, Frederico Varandas vê o clube "completamente partido" e, apesar de destacar o trabalho do presidente verde e branco no primeiro mandato, reitera que está na hora de sair.
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Frederico Varandas apresentou na quinta-feira a demissão do cargo de diretor clínico do Sporting, mostrando-se disponível para avançar com a candidatura à presidência do clube. Este sábado, em entrevista ao Expresso, analisou o atual momento verde e branco, descrevendo o dia das agressões em Alcochete e apresentado argumentos para o futuro.
"O Sporting não está dividido, está completamente partido. Nos órgãos sociais, nas bancadas, entre adeptos e profissionais. Jogámos contra nós próprios na final da Taça, e isso é impensável. Para mim, foi muito difícil tomar esta posição [demissão], porque eu gostava realmente do que fazia. Não há nada mais indigesto do que o autoelogio, mas sou competente e tive convites do Mónaco, do Valência e, recentemente, de um clube da Premier League que não vou revelar. Pagavam-me muito mais, mas eu fiquei. E o Bruno de Carvalho reconheceu isso, confiou sempre em mim, embora saiba que agora ele irá dizer muitas outras coisas", vaticinou Varandas, que garante ter apoios "dos sócios" e garante uma equipa de "gente nova", como O JOGO adiantou na sexta-feira.
O médico refere ainda que o presidente leonino deixa "um trabalho importante" do primeiro mandato à frente do Sporting, referindo que não pretende ver o clube de volta aos tempos do "pré-Bruno de Carvalho", mas refere: "Não me falem em 'sportingados'. Ele [Bruno de Carvalho] devolveu o clube aos sócios, mas depois criou fissuras irreparáveis". Frederico Varandas falou ainda das contratações de Augusto Inácio e Fernando Correia, que classifica como "remendos":
"São remendos, cola. E a cola, se vier muito calor, derrete. E vem aí um verão muito quente. Custa-me que Bruno de Carvalho não esteja a ver o inevitável", prosseguiu, recordando o dia das agressões ao plantel principal e staff na Academia de Alcochete.
"Tive dias muito piores do que aquele, mas admito que a situação foi muito complicada e só não foi pior por sorte. Podia ter sido uma tragédia, porque as pessoas que foram fazer aquilo perderam o controlo. (...) Não, não foram lá só para falar. Acha que queriam falar com o Bas Dost? Ele estava a apertar as chuteiras e levou com um cinto na cabeça. Isso é falar? Eu estava no meu gabinete e apercebi-me do barulho, disse à secretária para não abrir a porta e fui em direção ao balneário... e o Bas Dost estava deitado no chão. É um dos episódios mais negros da história do Sporting", assevera Frederico Varandas.