Águias marcam menos, a rematar mais, e sofrem mais, mesmo a consentir menos tiros no pós-pandemia. A bola queima e as perdas dispararam
Corpo do artigo
Quatro jogos, apenas uma vitória e cinco pontos em 12 possíveis, desperdiçando sete no campeonato, no qual está novamente a três pontos do líder FC Porto, que tem ainda a vantagem no confronto direto em caso de empate no final da I Liga. É este o saldo do Benfica no regresso à competição, com a formação comandada por Bruno Lage a sentir claras dificuldades na retoma.
Com elevados índices de ansiedade, a equipa encarnada apenas conseguiu conquistar cinco pontos em 12 possíveis no campeonato desde o regresso da competição
As águias já estavam a perder gás antes da pandemia, mas nem com a paragem Bruno Lage conseguiu afinar a máquina e devolver os encarnados ao caminho dos triunfos e sucessos consecutivos.
Em fase complicada e procurando ora recuperar ora não perder terreno para o líder FC Porto - chegou a ter a oportunidade de se isolar logo na primeira jornada pós-paragem da covid-19, fruto do desaire dos dragões ante o Famalicão -, o Benfica tem apresentado alguns índices ofensivos superiores ao que vinha fazendo antes da interrupção das competições, nomeadamente no que diz respeito aos remates, entre eles também os enquadrados, a cruzamentos, cantos ou ataques posicionais.
No entanto, e o próprio treinador já assumiu essa questão, o problema está na falta de eficácia. Isto porque as águias rematam muito, mas sem sucesso, ou seja, sem golo. Nos 42 jogos disputados antes da paragem devido à pandemia, o campeão nacional em 2018/19 tinha 89 tentos marcados, numa média de 2,1 por encontro.
O valor caiu para os 1,8 nos quatro embates entretanto disputados, com Tondela, Portimonense, Rio Ave e Santa Clara. E se na hora de finalização as águias não estão com a mira tão afinada, vêm os adversários perdoarem cada vez menos. Isto porque mesmo com menos disparos, os opositores das águias nos derradeiros quatro desafios faturaram com poucos remates.
Se o Tondela ficou em branco, Portimonense, Rio Ave e Santa Clara marcaram, levando o número de golos sofridos pelo Benfica disparar significativamente, já que o clube da Luz encaixou os mesmos que marcou: sete. Ou seja, uma média de 1,8 por partida - algo que quase duplicou, pois antes da doença os encarnados consentiam, em média, um golo por cada desafio realizado.
Médias: de 2,1 tentos por jogo, águias passaram para os 1,8, o mesmo de golos sofridos, que antes era um
Sem conseguir superar os seus adversários, o Benfica tem-se mostrado também mais débil nos duelos. Obrigado a disputar mais duelos, nomeadamente também no capítulo defensivo, o emblema encarnado viu baixar os índices de aproveitamento. Ou seja, vê os jogadores contrários ganharem mais vezes os lances.
A jogar sobre brasas, a formação comandada por Bruno Lage tem acusado a pressão. Assim, a eficácia no passe baixou no pós-pandemia (dos 84 por cento para os 82,7 por cento), sendo que as perdas de bola têm assumido números preocupantes para Bruno Lage, disparando das 100,1 por encontro para as 110,5.
E a receção de terça-feira ao Santa Clara foi um exemplo perfeito desse risco e desacerto, uma vez que dois dos quatro golos do conjunto orientado por João Henriques nasceram precisamente de perdas encarnadas: o 0-1, num erro de Nuno Tavares, e o 3-4 desta feita de Ferro, aproveitados por Anderson e Zé Manuel, respetivamente.
Excluindo penáltis, adversários marcam quase quatro vezes mais desta forma: de 15 % para 57,1%
Bolas paradas são fraqueza
As debilidades defensivas têm sido claras no lado do conjunto orientado por Bruno Lage, evidenciando-se bastante no que diz respeito às bolas paradas. Isto porque, excluindo grandes penalidades (o Santa Clara até marcou da marca dos 11 metros na Luz, naquele que viria a ser o 3-3), os encarnados viram os adversários marcarem quase quatro vezes mais através deste tipo de lances.
Antes da paragem, em 40 golos averbados seis tinham sido na sequência de cantos ou de livres; média de 15 por cento. Algo que disparou visivelmente no pós-pandemia: em sete golos, e sem contar com o já referido penálti de Crysan, as águias consentiram quatro assim: dois com o Portimonense, da autoria de Dener e Júnior Fernandes, um com o Rio Ave, marcado por Taremi, e mais um com o Santa Clara, fruto do cabeceamento certeiro de Zaidú. Ou seja, 57,1 por cento dos golos dos opositores foram em jogadas de laboratório.
Nos nove jogos em que sofreu de bola parada em 2019/20, o Benfica apenas conseguiu vencer dois: ambos com o Rio Ave, um para a Taça de Portugal e outro para a I Liga (na última jornada). De resto são cinco derrotas e dois empates.
12346571